segunda-feira, 23 de abril de 2012

Conto Infantil "Uma Crítica à Monogamia" :) "ti fofu"

Era uma vez um rapaz chamado Rulian;

Rulian tinha uma habilidade interessante; ele conseguia amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Foi assim que Rulian conseguiu se inserir na sociedade, amando a todos. Existia, no entanto, uma concessão; Rulian teria a alma dividida em dois e só poderia de fato, explorar aquele amor que sentia, caso desse metade de sua alma para a pessoa amada.
Mas amava muitos. Rulian nunca soube o que fazer... decidiu então, guardar sua preciosa alma repartida consigo e, quando encontrasse alguém que fosse de fato digno (esta é a palavra certa, Rulian?) de ter metade dela, ele a daria a essa pessoa e viveriam felizes para sempre (ou pelo menos era o que Rulian imaginava que aconteceria).

Chegou o delicioso e tão esperado dia, Rulian conheceu uma pessoa incrível que compartilhava de tanta coisa e que queria o mesmo que ele, Rulian não amava essa pessoa como amava aos outros, o sentimento era muito mais forte, chegava quase (tapem os ouvidos, crianças) ao sexual.
Rulian soube o que fazer, daria metade de sua alma àquela pessoa, se uniriam em uma vida feliz para sempre e etc...
O que Rulian não contava, no entanto, era que fosse conhecer outra pessoa, e que se fascinaria por esta de tal forma que também desejaria doar parte de sua alma a ela...

O que fazer então? Rulian só tinha duas metades de alma e precisava de uma delas... O conflito interno em Rulian aumentou...

O que fazer?

O que fazer?,

ele declamava todas as noites antes de dormir, como uma oração ao infinito tormento. Rulian então não conseguiu escapar. Amava muito as duas pessoas, e precisava desse amor... estava adoecendo, não era mais o Rulian de antes. Se por um lado estava feliz por amar, estava triste por não poder amar e isto estava acabando com ele.
Rulian fez a única coisa que poderia fazer: doou uma metade de sua alma para uma pessoa e a segunda metade para a outra.

Ficou assim, assim, assim sem alma... E foi aos poucos sumindo...

Rulian... aquele pobre desalmado cujo maior pecado foi amar demais... sumiu e nunca mais amou.

Fim


Contarei para meus sobrinhos... eles devem amar hohohoho


Fica a pergunta aos meus não-leitorezinhos fantasmas: Você (oh, perdão pela intimidade, tratarei de me retratar)... A Vossa Senhoria, o Leitor, acredita que seja possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo? Antes de responder, amabilíssimo Leitor, entenda que vivemos numa sociedade normatizada, especialmente, segundo uma ideologia cristã e etc... e tal. A Vossa Senhoria, o Leitor, sabe disso, tenho certeza. Tente pensar por um instante então, se é justo nos condenarmos à regra moral de uma sociedade na qual fomos inseridos à força e não por vontade, se é justo eu (ou Vossa Senhoria, mesmo), como indivíduo, viver de acordo com o que deseja (deseja mesmo??) o coletivo até mesmo em minhas (ou Vossas) relações mais íntimas. Bom... dito isso, deixo o texto às moscas e aos fantasmas... psicografarei um comentário se for preciso!

5 comentários:

  1. Esperto era Voldemort com suas sete horcruxes.

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  2. Eu me encontrei totalmente nesse seu texto, nesse momento da minha vida. Há alguns meses atrás eu diria que isso é bobagem e que amor verdadeiro e único existe, arriscaria em dizer "alma gêmea". Você transcreveu tudo o que eu tenho pensado ultimamente. E isso me lembra tanto, tanto, tanto Vinicius de Moraes que amou demais em sua vida. Ele mesmo dizia que precisava do "calor de início de paixão". E ele tá certíssimo, isso é a coisa mais deliciosa do mundo! E acho que isso que o transformou em um grande poeta.
    Adorei muito esse texto. Literatura simples, mas sei lá... Gostosa! :)

    Obs.: Tudo o que eu escrevi aqui pode ser que daqui algum tempo eu diga que estava louca agora.

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  3. É uma questão de moral, não? Não de verdade absoluta, de moral social que impõe esse conservadorismo cego e repressor, é uma questão de aceitação e pra onde vc quer focar vossas energias. Não vejo problemas de uma relação polí...gona? Poligâmica! Oras, se todos os membros do triângulo, ou quadrado, ou dodecaedro, souberem de que tipo de poliedro estão participando e aceitarem o mesmo, quem somos nós para destruir, pisar e urinar em cima das querencias, dos prazeres, das talvez futuras dores, dos erros dos outros? Quem somos, senão nós mesmos e em que temos poder senão sobre nós mesmos e muito pouco ainda! Mas não é sempre que existe essa visão. Todo aquele que tem a coragem de assumir uma poligamia há de ter a coragem de assumir o rótulo social, porque com a massa não se brinca, a massa é batida há anos por batedeiras judaico-cristãs, com pitadas de hipocrisia, duas colheres de lavagem cerebral e três xícaras de cegueira mental, é um líquido denso e azedo, não é qualquer intestino que consegue digerir. Em toda esquina que passamos existem verdades tentando massacras as outras, existe um deus que é mais forte e que vai bater no seu deus, o amor e suas responsabilidades seria diferente? Não aconselho muito o monopólio de seres, não por moral religiosa, social, que se phodam com Ph, mas por severa inveja, mas se puder deixar um pouquinho pra gente, não brigo mais! Fora isso, santo deus, já somos machucados desde o sol que entra nos olhos e arde até o frio que perturba no meio da noite e arranca nossas cobertas, desde o medo do futuro desconhecido até as dores de um passado próximo demais, tentar a felicidade, seja ela sexual, amorosa, emocional, racional, estudiosa, musical, hipocondríaca, não é, pelo menos não deveria ser, um pecado capital.
    Vou contar essa historinha fofa para meus filhos, vamos ver como eles se saem!

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    1. hahahahahaha ADOREI o comentário! Horacio, suas contribuições são infinitamente melhores que o blog em si. as vezes penso que escrevo para ouvir (ler?) suas considerações depois. Agradeço imensamente pelo comentário, apesar de eu ter te cobrado ele hahahaha.

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