quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Dureza e Vaidade

Os pássaros em seus braços já não parecem tão livres quanto os do lado de fora.

Sempre estão nos seus braços.
Sempre estarão nos seus braços.

Os pássaros sofrem na imobilidade forçada,
na eternidade estática dos seus braços.

Os pássaros gritam,
mudos,
o desespero em seus duros braços.

Os pássaros sentem,
tensos,
a impotência em seus flácidos braços.

Seus braços é tudo o que conhecem,
os pássaros que nasceram destinados a voar.

Pois voam,
inúteis,
para lugar nenhum e no mesmo lugar.

Talvez almejem alcançar os céus;

não podem.

As ruins grades da carne
os mantém na pele
como dor de solidão no coração.

Como dor de saudade
do que se deseja
e nunca alcançou.

Os pássaros pedem piedade;
se não podem voar, ao menos que os matem.

Vivem;
para sofrer a sina desgraçada

do cárcere carnal,
da vaidade mórbida,
das toscas ilusões,
dos sonhos impossíveis.

Da fria realidade morna dos seus braços.