quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Lá fora vejo toda sorte de escritores medíocres, uns fazendo sucesso, outros desconhecidos, mas todos reunidos, ainda que inconscientemente, em sua imensa trupe tragicômica a girar pelo mundo assombrando aqueles que procuram algo nas palavras além da rasa comunicação verbal que supõe-se delas... Vejo tantos quanto me dá medo de existir desses por aqui dentro, gados marcados a contragosto com a triste insígnia da mediocridade... Quão triste não é isso? Ser posto a força num grupo que despreza?

Quero fumar um emaranhado de qualquer coisa que dê para emaranhar, respirar aquele ar denso, escuro que me faz ver melhor. Ar seco, áspero... Bebo por osmose o sangue daqueles que me cercam, que morrem porque não há nada mais a fazer, morrem por inércia, que seja forçada, mas inércia...

Quero doer toda dor que não me pertence, numa pretensão imensa de tomar os fardos alheios, de me sentir melhor comigo mesmo, com minha consciência... Aquele ar que me dói os pulmões, o quanto esperei por esta dor...

Quero sentir tudo, apreender o Universo! Quero amar a todos, quero ser! Quero a dor dos outros para substituir a minha, a minha... a minha...

Quero preencher a solidão com falsas esperanças...
Pensar "porque diabos alguém me leria?" é o suficiente para me fazer parar de escrever... Ao que parece não é preciso muito para me desestimular... Enfim... Medíocridade... Taí uma coisa que me persegue. Isso e a impotência, a boa e velha. Escrita medíocre e broxa, é a minha... Não me estenderei. É isso.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O que fazer quando suas crenças são destruídas? Para onde ir? A quê recorrer? Quando se molda um modo de agir, de enxergar, de viver, enfim, em cima de uma estrutura que se arruína, que fazer? Viver em ruínas, mesmo assim, que se danem as evidências? Não, isso não dá... Me pergunto, no entanto, se eu fui ingênuo demais, se eu não me seguei a realidade, se minha estrutura já estava em ruínas bem antes de eu perceber... Cavando com pá em pedra dura, cortando árvore com canivete, o trabalho é intenso, é verdade, mas não se chega a lugar nenhum.

Pelo visto a solução é a violência.

Ah, a violência, é verdade.

Ela, de quem eu fugi e só agora entendo a importância que tem... Ela, que conduz o mundo, não é verdade? Pois bem, a violência... Sou covarde...Por mais que entenda agora sua fundamentação, sua necessidade, me recuso a segui-la, a usá-la...

Me retiro em derrota, se é pela violência a vitória, afundo-me em minhas ruínas e não quero mais saber. Prefiro a solitária derrota, mas que seja pacífica, do que a derrota a custa do ferimento alheio. Que eu, que me proponho a lutar, me fira, sim, mas não aqueles a quem eu me oponho, eles nada tem a ver com minha revolta, eles nada tem a ver com minha indignação, eu não luto contra eles, eu luto por mim e luto pelo povo... Ou pelo menos era o que eu acreditava... O povo... Que é esse ser abstrato, aparentemente homogêneo e indefeso, mas que é, mais que nada, indefinível e indomável?
É mesmo?
Lá vou eu com minha romantização do povo... Se já disse que é indefinível, porque insisto em defini-lo? Talvez esteja errado novamente, talvez o povo seja aquela massa que tanto nos falam.

Massa indistinguível entre si, mas bem separada do resto, que são eles que a classificam. Ninguém nunca se diz parte da massa...

Nem povo, nem ninguém, nem nada... Não represento a outro que não seja a mim, vejo isso agora com total clareza. Não luto por outro que não seja por mim... E se não vale a pena, se não vale a pena lutar por mim... Não luto. Não luto por nada. Deixo-os com a violência, deixo-me em paz.