terça-feira, 22 de maio de 2012

Será que o Amor encarcera? Não tenho dúvidas! E é um cárcere tal - Filho da Puta - que a real dúvida é se vale a pena ser preso por detrás de suas grossas barras por um ou outro momento efêmero de felicidade - Torpor Opiáceo!

Concluo que não! Que melhor é me livrar desta masturbação-sado-masoquista-emocional de uma vez!

Que ser governado pelas necessidades e prazeres da carne - estes deliciosos - apenas!

Que vá para o inferno o Amor e suas terríveis consequências, dignas de Satã!

Que não se meta no caminho de minha felicidade, desgraçado sentimento!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

De um delírio no banheiro

A seguinte imagem mental: um ser humano, não importa o sexo, os braços erguidos à altura do peitoral, esticados para os lados, formando um ângulo de 90º com o corpo e fechados, as mãos se encontrando no peito, os dedos se complementando em um enlace frouxo. Vejo as definições dos músculos, as marcas das veias, as sombras dos ossos. Sinta a textura da pele com seus dedos que tocam seu corpo. Sinta a textura dos dedos com seu peito que toca suas mãos. Agora desça com calma suas mãos pelo seu corpo, sinta como cada parte dele parece se comportar diferente diante do toque, sinta a textura, sinta o carinho. Sinta cada pedaço de seu corpo, cada fio de cabelo, cada célula viva. Passe para o rosto, sinta as pálpebras, como elas parecem cansadas ao toque, fatigadas pelo dia longo. Sinta a orelha, o nariz, a boca, úmida, delicada. Sinta o cabelo. Sinta-se como um ser por inteiro, uma vida inteiramente viva, inteiramente sua. Sinta sua mente, sinta seus desejos, sinta seus anseios, suas vontades, seus medos, seus receios, suas dores, seus infernos. Sinta suas memórias, suas esperanças, suas utopias e suas barbáries, seus arrependimentos e seus orgulhos. Sinta-se. Nada mais. Entenda-se. Nada mais. Agora olhe para si e veja o que és. Admire-se! Experimente-se! Devore-se!

domingo, 20 de maio de 2012

Como somos incoerentes...

Ah... o homo sapiens sapiens sapiens sapiens (...), com toda sua sapiência esqueceu-se da lição socrática, da beleza da ignorância. Dogmatiza, sempre o fez, sempre o fará, e redogmatiza, reredogmatiza e assim por diante... É burro porque nega ser ignorante. Já disse Dalí:

"Todos sabem que a inteligência nos faz desembocar apenas nas névoas do ceticismo, que ela tem por efeito principal reduzir-nos a coeficientes de uma incerteza gastronômica e super-gelatinosa, proustiana e malsã."

Terrível!! Um horror!! Como pode o homo sapiens sapiens sapiens sapiens sapiens sapiens (...) esperar tão pouco de si?! Em sua enorme prepotência, ele se reduz a nada, separa-se do Universo e de si mesmo, se torna Deus e nada ao mesmo tempo, pois não crê em Deus. Não crê, sabe. Mas não sabe! O que é então? Um coeficiente de uma incerteza gastronômica e super-gelatinosa, proustiana e malsã? Eu não teria palavras para melhor descrevê-lo*. Sua incerteza gelatinosa é tamanha que seu maior desejo é ser humano sem ser homem. A ideia de ser animal lhe é repugnante e o ideal a ser alcançado é o daquilo que é deixado de lado em suas considerações, a terrível metafísica. É, portanto, uma quimera muito mal construída com um mecanismo de auto-destruição embutido e ativado. 

Uma pena!!! Alguém, um dia, viu potencial nele... Sabe-se lá como. 

Bom... Que seja.


*Horácio o colocou como "deficiente", talvez seja isso!

sábado, 19 de maio de 2012

terça-feira, 15 de maio de 2012

O que era vontade se tornou necessidade, preciso sair daqui! Preciso me livrar de tudo o que impregna essa cidade podre, com seus cidadãos podres, suas políticas podres, sua educação podre, suas drogas podres, sua cultura podre que apodrece quem a toca e é tocado por ela. Podre! É assim que me sinto aqui, apodrecendo, apodrecido. Preciso sair desse lugar, preciso conhecer novas perspectivas, novas formas de ver o mundo, novos valores, novas prioridades, novas paisagens, novas cores, novas roupas, novos animais, novas caras, novas texturas, novos ares, novos solos... Preciso sair daqui agora! Isso não é um desejo, é uma certeza! É uma exigência! É uma demanda urgente! URGENTE! Uma questão de saúde mental e física. Não vou aguentar, não vou. Preciso dar o fora...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Pois acabaram-se os ultra-românticos

- Você vai superar...

Eu não quero superar! Não quero esquecer nunca! Não quero que minha dor seja em vão, seja efêmera, seja sem significado! Superar é tirar a importância daquilo pelo qual chorei tanto e não quero que isso aconteça! Quero que arda! Quero que doa! Quero que queime! Quero sofrer até a última gota do meu ser se desvanecer no mar do esquecimento. Que antes da solidão final eu dê significado constante àquilo que me fez sentir. Que nunca seja esquecido, que nunca eu derrame uma lágrima sem motivo!

- Mas não é uma escolha sua, você vai superar.

Que a desgraça caia sobre ti, miserável condenado! Que a desgraça do esquecimento te esmague como tentas fazer comigo e meus pesares! Que te reduza a pó! Pó nunca serei! Nem sinto por pó! Tudo que me toca acaba por me pertencer, fazer parte de mim e a eles eu pertenço também. Simbiose desgraçada que me mantém vivo, como os aparelhos me mantém no coma, como o sadismo divino me mantém eu.

- Cara maluco...

Ah, a insanidade! Com que graça tu me abraças! Com que fogo tu me aqueces! Com que ódio tu me destrói!

- Tá, vou indo, beleza? Fica bem aí...

Bem nunca ficarei, filho da puta! E é melhor que seja assim! Só assim poderei eu ser eu mesmo! Desgraça caia sobre ti ao sair daqui! De uma vez, que um raio o queime os órgãos e que tu possas sentir a dor e o prazer dela provido!

Ah, a impotência...

Ele via a cena horrorizado, o homem a agarrava e a puxava para junto de si, tomava-a nos braços com tamanha violência. Sentia que devia fazer alguma coisa, mas não conseguia, estava estático, impotente, olhando a cena como se fosse obrigado, deveria vê-la, merecia vê-la. Os dentes afiados se mostravam num terrível sorriso de escárnio, o rapaz olhou aqueles dentes, tremia diante deles. Os braços musculosos se flexionavam a medida que ele a apalpava e a apertava, o rapaz sentiu o estupro dentro de si. Foi só quando o homem finalmente a liberou, depois de fazer tudo o que tinha que fazer, que o rapaz desabou, chorando, perante o sorriso da mulher e a felicidade do casal.












*Nota do Autor: Alguém chamou meu último texto de fofo, aí eu fiz esse... que o estupro te alcance, leitor.

Um singelo apelo (:

Devido ao absurdo e abrupto aumento de visualizações da página, quero me certificar de que são bots e não leitores que a frequentam... portanto, faço aqui um apelo:

LEITOR!!!!!! COMENTE!!!!! COMENTE NESTE POST PARA EU SABER QUE VOSSA SENHORIA É REAL!!!!!

sábado, 12 de maio de 2012

Poesia e Revolução (Parte 1)

Diz Henry Miller em seu livro "A Hora dos Assassinos (Um estudo sobre Rimbaud)":

"O lugar da renovação é o coração, e é nele que o poeta deve ancorar."

Como foi prazeroso ler esta frase... e como foi complementar à minha visão de mundo. 

Henry Miller classifica "poeta" como "todos os que vivem pelo espírito e pela imaginação". O que é esse incrível poder que têm os poetas de conseguir mexer com nossos sentimentos mais íntimos, nossos anseios mais profundos, nossas inquietações mais secretas... esse poder de fazer com que nos encontremos em seus textos. O se expôr de um é o se encontrar do outro. Quem um dia diria que palavras pudessem ter tamanha potência. De fazer chorar a acalmar o coração. E não me limito agora ao texto escrito, falo de toda e qualquer manifestação de arte, qualquer forma poética que toque os sentimentos humanos profundamente. Pois, como diz Miller, o espírito é a ferramenta do poeta e sua função é a de emocionar. Para isso, diz Miller, ele precisa ter uma relação muito forte com os homens e mulheres. Quão imenso não é o poder deste ser que, mais que qualquer outra coisa, é muito humano? A mente é seu laboratório, o coração é seu domínio.

A renovação está no coração, diz Miller. Claro que está, sempre esteve. A renovação dos ideais, do ser humano como indivíduo e como ser social, dos valores e dos amores. A renovação, a revolução do ser, parte de dentro para fora e nunca o inverso. Uma revolução com valores impostos está fadada ao fracasso ou ao genocídio. Por outro lado, a revolução abraçada pelo coração terá mais força que qualquer resistência. A paixão é o mais poderoso motor da história da humanidade.

Não foram poesias os ideais libertários de Locke? Ou os sentimentos de igualdade de Marx? Muito além da teoria política, da filosofia e da ciência, a poesia, o que tocou os corações, foi o que levou tais ideias a transcenderem o papel e a abstração e a se tornarem paradigmas da vida humana em comunidade. A revolução em sua forma econômica, política, religiosa, ou seja, institucional de uma forma geral, começa na revolução mais íntima, a pessoal, de valores, de ideias, de conceitos. Intimista e quente, a real revolução deve ser humana e não mecanizada. E esse é o papel do poeta, provocar revoluções, pessoais a princípio, abrangentes em seguida, por um processo de expansão do "toque" do poeta. A renovação da alma é também a do corpo e da mente e a estagnação apodrece. O dever do poeta é ser aquela pedra jogada na superfície calma de um lago; que as ondas que se propagam, cresçam e tomem toda a extensão deste. O dever do poeta é identificar o suplício e a súplica, é enxergar as necessidades e carências dos homens e mulheres. Poesia é, ao mesmo tempo, a síntese de um Zeitgeist e o questionamento do mesmo, é cutucar o coração com vara curta. Muito mais que a mais-valia, é o desejo de justiça. Muito mais que o livre-comércio, é a necessidade de expressão. 

Poesia é o cerne da revolução, o estopim da mudança, o anseio do coração. É humana, muito humana, em seu sentido mais verdadeiro.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

De Cadência

Dou as costas ao Sol
É poente, não há problema.
Sua pálida luz logo se apaga,
Arrasta-se timidamente para dentro do mar.

- Sedento!

Virá então o Descanso - a Noite.
Nem sei por quanto tempo se estabelecerá.
Perde-se na Eternidade da Escuridão.

- Descanso Eterno!

Um vislumbre fugaz de última hora,
Para na memória guardar seu brilho alaranjado...

- QUE VENHA A TREVA!!

O sabor róseo das nuvens às minhas costas me é insosso...

- QUE SE FODAM TUDO E TODOS! DE TODA A SORTE!!

Do Sol... só espero a morte.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Julgava como uma solteirona de cinquenta anos amargurada com a vida, muito embora tivesse apenas vinte e três. Piscava freneticamente os olhos sempre que podia, meio que para espantar a visão daquela família feliz de sua frente. Sua irmã sempre fora a favorita, sempre. Até mesmo a vida a favoreceu mais. Bebeu o vinho.

Bebia como uma solteirona de cinquenta anos amargurada com a vida, muito embora tivesse apenas vinte e três. Retocava freneticamente o batom e a maquiagem, meio que para conservar a máscara química que a protegia. Ninguém nunca a amou, nunca. Sabia disso, principalmente por nunca ter amado ninguém. Tragou o cigarro.

Fumava como uma solteirona de cinquenta anos amargurada com a vida, muito embora tivesse apenas vinte e três. Tossia freneticamente o mais alto possível, como que para chamar a atenção e fazer-se de vítima. Não funcionava, todos na sala já haviam se acostumado com ela. Apesar disso, quando alguém lhe oferecia ajuda, consolo, ela desprezava fulminantemente. Gostava de desprezar, mas gostava mais de poder desprezar. Foi às compras.

Comprava como uma solteirona de cinquenta anos amargurada com a vida, muito embora tivesse apenas vinte e três. Usava de seu cartão de crédito ilimitado como uma forma de preencher o vazio que sentia dentro de si. De roupas, sapatos e bolsas a televisões, carros e viagens, tudo para ela era um estepe momentâneo, alívio efêmero de uma dor que persistia. Ópio curto, heroína dos fracos... Toda semana chegava em casa - morava sozinha - com algumas sacolas novas de compras. Foi ao banheiro se olhar no espelho.

Chorava como uma solteirona de cinquenta anos amargurada com a vida, muito embora tivesse apenas vinte e três. Se via sempre com aquela tonelada de maquiagem, aquelas roupas caras, aquele olhar de desprezo que, sabia, mas tentava esconder, era direcionado a ela mesma. Lágrimas grossas lhe sujaram o rosto pintado, e os soluços mal contidos ignoravam as barreiras tênues que suas mãos ofereciam. Chorava por horas, às vezes. Lá, em sua frígida casa, não havia ninguém para que pudesse desprezar o consolo oferecido. Lembrou de sua irmã.

Ah, sua irmã, aquela desgraçada. Casou com aquele homem horroroso, mal dava pra viver com os salários que ganhavam, e aqueles filhos nojentos e catarrentos... Deus me livre, jamais quero isso pra mim. Mas eles se beijavam com tanta paixão e o olhar que trocavam com os filhos era aquele que ela nunca conseguiu ganhar dos pais. Alegria de pobre é fácil. Limpou o rosto.

Julgava como uma solteirona de cinquenta anos amargurada com a vida, muito embora tivesse apenas vinte e três.