sábado, 30 de outubro de 2010

Realidade Poética e Pessoal do Brasileiro - Hugo Ansbach

Este é mais um dos posts que não me pertencem. Com o tempo, espero que eles apareçam com mais frequência. Lembrando que o blog é coletivo e qualquer forma de demonstração de pensamento que exteriorize o seu "eu" ser será recebida com um caloroso abraço, leite morno com toddy e biscoitos de manteiga fresquinhos. Aproveitem.

Breno Crispino

"Fala ae pessoal Beleza? Hoje eu vim relatar uma experiência própria... É... Não é um post numa comunidade de relacionamento qualquer. Não é um comentário ou algo que eu esteja pensando. É uma confissão direto do subconsciente.



Primeiro de tudo, eu não peço, não desejo, nem tenho interesse nenhum de que todos leiam isso. Eu tenho interesse apenas em relatar para aqueles que lêem pela falta do que fazer, pois sempre que alguém está ocupado, hoje em dia, não tem tempo para ouvir as outras pessoas, e é por isso que escrevo.


Claro, não sou nenhum Einstein, eu me considero uma pessoa, a mais simples possível, tenho sonhos, desejos e vivo uma realidade que, confesso, me desagrada, me entristece, mas também sou feliz, me faço feliz e assim como todos, vou seguindo.


...Assisti hoje ao filme Tropa de Elite 2. De novo, se não está interessado você pode rapidamente e facilmente clicar no xis vermelho ali em cima.


Após assistir ao filme eu amadureci, psicologicamente e idealisticamente, mas não mudei. Não mudei porque eu sei que não serei eu quem vai conseguir mudar esse país, realmente, eu penso isso com todas as minhas forças. Não sou eu, não é tarefa para mim, e, se Deus existe, não foi para isso que me deu vida.


Infelizmente, este é o pensamento, na minha opinião, de 70 a 80% da população brasileira. Eu apenas queria relatar o quanto amadureci, e como amadureci. Da mesma maneira que todos nós, pessoas diferentes (Somos todos iguais fisicamente e mentalmente?), amadurecemos durante toda nossa vida. Eu amadureci vendo um filme, da mesma forma que meu amigo amadureceu conhecendo uma amiga com quem namorou, da mesma forma que meu colega amadureceu na porrada que a vida dá quando se trabalha dentro do 'sistema'.


Enquanto via o filme, passou pela minha cabeça tudo que até hoje eu vinha aprendendo sobre onde eu moro; sobre a política de onde eu moro e sobre como vivi aqui, aonde moro e sempre morei. Assisti a tudo que eu já sabia, já conhecia, mas abafava, como todos nós abafamos, pois nada ainda havia acontecido comigo ou com algum parente meu. Hoje, ainda nada aconteceu, graças a Deus, ou graças à sorte. Algumas pessoas não acreditam na sorte, mas não interpretaram a sorte. Não é algo em que se acredita, em que se teoriza, é algo que se vê, se realiza. Por exemplo, atenção, repito, 'exemplo'; "Hoje tive sorte, não tomei tiro, passou raspão". É, isso foi sorte. Não é uma crença, é a expressão que se dá quando algo acontece e você é exonerado de algo insatisfatório, ruim para você de alguma forma.


Desculpem sair do assunto dessa forma, deve estar um pouco confuso. Peço perdão, sou assim mesmo, é o meu jeito de me expressar. Devo adicionar também, e relembrar o que antes disse, não sou nenhum Einstein, não tenho solução, mas, ao menos, sei que tudo que eu vi hoje comprova que estamos caminhando para um lugar melhor. Não pare ainda... Se você já leu até aqui, continue por favor. Veja bem, é minha mente no momento; "há esperança", mas a gente vai fazer o quê? Deixar essa esperança de lado e deixar que seja sorte nossa continuarmos vivos? Deixar que seja sorte o término dessa carnificina que enfrentamos e outros já enfrentavam antes de eu e você nascer? Não acho que seja a solução fingir que nós não vemos o que está acontecendo quando nós estamos vendo. Não acho coerente, não acho ético, me desculpe se você não concorda comigo. Acredito que se você não concorda comigo, você tem seus motivos e eu respeito, acredito que tenha argumentos mais fortes que o meu para contradizer tudo que eu disse aqui. Mas não acredito que eu esteja errado. Você pode discordar, mas não acredito que eu esteja errado. Mas, bom, o que é errado afinal? Se para alguém que nasceu num meio de uma gangue de assassinos onde matar é honra, não matar seria o errado, mas esquecemos que nós não vivemos assim. Nem aqueles que vivem na miséria, aqui em nosso país, vivem assim. Todos tem, pelo menos, no mínimo do mínimo, 1% de compreensão que nós vivemos num país, novamente, é esta a 'minha' opinião. Que somos um povo, todos nós, tenha dinheiro ou não, por dentro somos iguais, morremos da mesma forma, vencemos também. E afinal, o que é vencer? Na minha opinião, vencer é viver e ajudar. Vencer na vida não é chegar ao topo da carreira oportunista, em uma empresa, que concorre com outras empresas, que brigam como gangues de lobos, que dizem que fazem nada além do que a natureza reservou para eles. Se isso é verdade, como há pessoas como eu e, às vezes, você, que não acreditam nisso? É porque não é natural. Eu honestamente não espero que todos levem esta carta para o coração. Que ergam arpões, facões e estacas para o Congresso Federal... Na verdade, eu gostaria, mas não espero, é claro. Bem, é isso, espero que eu tenha feito pessoas refletirem sobre nossa realidade, que se lembrem de tudo que já viram na vida e que não se esqueçam do que ainda podem ver. Que entendam e vejam o que está em sua frente, que acenda a luz da sua lanterna interna, bom, eu já acendi a minha, estou claro?"

-Hugo Ansbach

-29 de Outubro de 2010, 23:54.

Dia das Bruxas

Um duelo de titãs, entre os dois monstros clássicos do cinema e livros.






VS.



Estréia, este domingo 31, exibição única


Não perca o especial de dia das bruxas!! (em todas as emissoras)

(porque até nas coisas mais sérias um pouco de risada faz bem)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sonetos, parte 7: A Depender de Mim, Zeca Baleiro

Porque música é uma das mais puras formas de poesia.

 A depender de mim
Os psicanalistas estão fritos
Eu mesmo é que resolvo os meus conflitos
Com aspirina amor ou com cachaça
Os gritos todos virarão fumaça
A dor é coisa que dói e que passa
Curar feridas só o tempo há de
Toda regra para o bem da humanidade
É certo necessita de uma exceção

A depender de mim
Os publicitários viram bolhas
Eu sei como fazer minhas escolhas
E assumir os erros que lá vem
Se a alma finca pé os medos somem
Menino nunca deixe que te domem
Mau pai dizia o verdadeiro homem
Sabe o que quer ainda que não queira
Besteira é seguir o coração

A depender de mim
Os padres e pastores serão tristes
Eu penso mesmo que deus não existe
E ainda assim quem sabe eu creia em deus
Se deus é o outro nome da verdade
Deste momento até a eternidade
Eu levo entre mentiras e trapaças
Besta felicidade frágil farsa
.do que preciso riso preces e paixão


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sonetos, parte 6: Retrato de um poeta quando jovem, José Saramago

Há na memória um rio onde navegam

Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
Sobre as águas as folhas recurvadas.


Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Ondas brancas se afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada.


Há um nascer do sol no sítio exacto,
À hora que mais conta duma vida,
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um ansiar de sede inextinguida.



Há um retrato de água e de quebranto
Que do fundo rompeu desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato a velha história.

domingo, 10 de outubro de 2010

Título

Há um tempo atrás eu escrevi um texto chamado "Identidade", que falava sobre a inconstância do ser humano, suas fases, suas transformações, sua instabilidade, sua adaptação... Falei que eu mesmo passei por um (um? creio que foram vários) desses processos de mudança de pensamento, que foi se aprofundando com o tempo. É um processo doloroso, mas valioso, aprendi a me aceitar mais como sou e a gostar mais de mim. Aprendi a respeitar mais a opinião alheia, não me prendendo à infantil pretensão de ser o dono da verdade. Claro que todos temos deslizes... mas a vida acaba corrigindo eles para mim, aprendo com eles, coisa que não faria a um tempo atrás. Mas isso foi o meu processo. E foi natural, automático, não me forcei a passar por isso, pelo contrário, fui totalmente indiferente a ele. Sabia que algo estava acontecendo, sabia que meu cérebro estava a mil, sabia que pensamentos totalmente diferentes dos meus estavam em minha cabeça, só não sabia porque. E ainda não sei. Sei sim que algo aconteceu, e disso eu tenho certeza.

Então, eu mudei, mas mudei sozinho. Minha pergunta que fica para vocês é a seguinte:

É válido mudar quem você é, como age, do que gosta, etc... para ser aceito em determinado grupo? Por alguém que você ama? Para se destacar dos demais? É válido você ter relações com pessoas sem ser você? Enganar a si mesmo por tanto tempo que você acabe acreditando que você é a sua fantasia? Mas quando você deita na sua cama, a noite, seu verdadeiro eu não corre para, mesmo que timidamente, lembrar-lhe de quem você é?

O processo de mudança é um processo natural, todos mudamos, não importa realmente se para o que esperam de nós ou não.

O pai do garoto expulsou-o de casa, ele queria que o garoto fosse médico, mas ele entrou na faculdade de belas artes. Anos depois o pai o encontrou vendendo suas pinturas em uma praça, no centro da cidade. Seus olhos se encontraram, os do pai, emoldurados por roupas caras e um sapatos italianos, tinha a expressão cansada, triste, e receosa, e os do garoto de cabelo desgrenhado e roupas amassadas, estavam vivos, sabia o que estava fazendo, sabia o que queria e porque estava ali. O pai não, e o garoto também sabia disto. O pai reparou nas obras, eram lindas, entendeu tanta coisa com as cores misturadas, os relevos artísticos... entendeu tanto do que há alguns anos não entendia. Dos sentimentos do filho... e entendeu tanto de si mesmo. Soltou a pasta de couro de jacaré e olhou atentamente para o garoto, deveria arriscar? Deveria pedir perdão? Deveria começar de novo?

É algo assim. O garoto cresceu, o pai não. O pai tem a chance de crescer agora, de encarar o novo, de mudar o pensamento, de se transformar, realmente. É assim... O que o pai fará só ele sabe, mas podemos traçar nossos caminhos, quando escolhas nos são apresentadas. E são, o tempo todo. Não há nada de errado em mudar um comportamento por alguém que gostamos, mas mudar todo o nosso jeito de ser? Essa pessoa então, gosta de nós ou da fantasia que criamos?  Será que esta relação vai durar? Não importa mudar tudo se o que somos não mudou. Isso é só uma forma de mutilação emocional... de desrespeito consigo mesmo, de não gostar de quem você é. Aprecie-se, e outros o apreciarão, como você é, não como eles querem que você seja. Não tenha medo de ser quem você é.

Uma pergunta agora, pra quem quiser responder, claro... Você já se fez ser alguém completamente diferente? Porque e como se sentiu com isso?

domingo, 3 de outubro de 2010

São Tempos Modernos, Pensou o Pescador que Observava Tudo em seu Barco a Remo


Um homem de terno chegou primeiro. Estava fechado ainda. Sentou-se. Logo mais quatro homens de terno chegaram e mais duas mulheres de terninhos cinza. Ao meio-dia setescentos e oitenta e quatro homens e mulheres de terno estavam enfileirados, ansiosos para que se abrisse, formando um organizado mar cinza. Meio-dia e meia e  oitoscentos e cinquenta e nove homens e mulheres de terno começaram a reclamar, do espaço, do calor e principalmente que não abria nunca. Foi apenas às duas da tarde, quando mil e sete homens e mulheres de terno já se xingavam por espaço, quando o antes organizado mar cinza estava na sua pior ressaca que um salva-vidas laranja surgiu. O funcionário da prefeitura disse-lhes que as barcas não abririam hoje devido a problemas do governo. "Esses grevistas", ele disse "Nunca ficam satisfeitos". O homem de uniforme laranja foi embora, deixando o mar cinza estático. O primeiro homem de terno, o que chegara lá antes, olhou em direção às portas cerradas das barcas que o levaria para o trabalho, para trás de sua conhecida escrivaninha, onde passaria a princípio 8, mas sempre aumentava para 10 horas por dia, para ganhar um bônus de salário. "Um homem precisa viver", dizia ele para si mesmo. A grade nas portas da entrada das barcas continuaram paradas apáticas, cinzas, mortas e o homem continuou a olhá-las, confuso, perdido, sem saber o que fazer. E agora? Precisava trabalhar, tinha sonhos a perseguir, uma familia a sustentar, pão para botar na mesa, lugares a ir. Seus devaneios foram cortados por uma forte luz. Cobriu os olhos com as mãos para se proteger do Sol e quase deixou a pasta cair. Desviou o olhar para fugir da luz e percebeu que todos faziam o mesmo que fazia antes, olhavam para a grade sem vida, com a expressão confusa, perturbada. O homem voltou a olhar para o Sol, e o que viu o paralisou. O mar, mais azul do que nunca, com as gaivotas mais brancas a mergulhar e pescar os peixes mais graúdos, sentia o suor escorrendo de seu corpo ansiar pelo frescor daquelas águas. Engoliu a saliva que lhe subia, sentindo a garganta seca. "Ent..." tussiu e tentou de novo "Então... acho que vou pra casa..." Deu as costas às barcas e foi em busca de seu carro estacionado no estacionamento rotativo a 5 metros dali. "Pelo menos vou pagar menos no estacionamento", pensou. Aos poucos, a multidão o seguiu, cada um indo para sua respectiva casa.

Dia Negro

Preparei todo um texto sobre democracia, sobre a responsabilidade do voto e a vontade de igualdade, de justiça... mas desisti... acho que quem acompanhou estas eleições como eu, na espectativa de um resultado inovador, se decepcionou... furiosamente. A começar pelo segundo turno entre o PSDB e o PT, de um lado a quase indescente indiferença neo-liberal, do outro a absurda hipocrisia populista. Qual o melhor? melhor explodir essa porra toda e mandar pros ares. Mas tudo bem, isso eu já esperava. O que eu NÃO esperava MESMO era o GAROTINHO ganhar do Chico Alencar para deputado FEDERAL! E o WAGNER MONTES ganhar do Marcelo Freixo para estadual. O que eu não esperava era a eleição de Antônio Carlos Magalhães Neto na Bahia, nem a de Roseana Sarney no Maranhão. O que eu não esperava era ver Heloísa Helena perdendo para Renan Calheiros e ver o Crivela ganhando essa eleição. O que eu não esperava era o voto no imbecil do Tiririca ser uma forma verdadeira de protesto. Protesto? Vá se foder, meu amigo, isso é palhaçada! Protesto é voto nulo, não voto colorido! O que de fato eu não esperava era que o Brasileiro - e com B maiúsculo mesmo -, amargurado pelas corrupções e roubos e pelo descaso social dos políticos acabasse fazendo a manutenção dessa elite abismal que governa nosso país. Que o Brasileiro elegesse quem o judia, o sacaneia e o rouba a olho nu. Que o Brasileiro fosse tão cego, fosse tão surdo, fosse tão passivo. Mas não sei porque fiquei surpreso. É sempre a mesma coisa... Hoje é um dia negro para mim... pela primeira vez eu posso dizer que não me orgulho de ser brasileiro. E com b minúsculo.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Uma Contribuição De Alguém Que Não Tinha Nada Pra Fazer E Se Revoltou Com A Sociedade - Taiã Nismaschin

Antes do texto, uma curta introdução. Já faz um tempo que eu pretendia tornar este blog um espaço coletivo, onde cada um pudesse deixar o que pensa, o que gosta, o que sente, o que quer dizer de fato para outras pessoas. Na verdade, ao criar o blog eu estava pensando nisto. O Taiã é o primeiro de, espero, muitos que virão dividir este espaço - curto, eu sei - comigo e com Vossa Senhoria O Leitor. Textos, críticas, poesias e poemas, contos e prosas dos mais variados estilos e ideologias são mais que bem vindos aqui. Espero que você também possa contribuir com suas ideias.
                                                                                                  
Breno Crispino


Sabe, estava pensando ultimamente sobre a nossa (dependendo de sua idade), ou melhor, a minha geração e o que ela faria para mudar nosso mundo. Pessoalmente, acho que faria bem pouco e talvez pela falta de interesse ou por medo. Sou de uma época em que os pais passavam muito a mão na cabeça dos filhos, o que nos levou a acreditar que eles tomariam conta de tudo para a gente. Eles vieram de uma geração em que lutavam pelo o que queriam, nossos avós estavam nos “diretas já”, muitos de nossos pais (ainda crianças) viram isso acontecer, então a sensação de revolução ficou neles, porém foram os mesmo que, por saber disso, aqueles que subiram no poder não queriam tomar essa porrada da geração seguinte e o que fizeram então? Nos alienaram. Posso dividir nossa geração em 3 tipos de pessoas: as alienadas por indução, as que não querem se envolver em nada e só se interessam por suas vidas e as “revolucionárias”. Porém, este último tem medo demais para interagir, então não serve pra nada também. Mas como surgem os revolucionários ?



De duas formas até agora pensadas por mim ou a pessoa ao ver o mundo como está resolve ir por vontade própria contra tudo, ou pessoas como eu, que somos alienados, porém não agüentamos mais o que está acontecendo, e, com influência de REALMENTE poucas pessoas da geração passada que não suportam o que fizeram com a nossa, nos instruem a ver a realidade. Mas mesmo assim o primeiro caso não parece existir e no segundo temos medo demais para querer fazer algo, mesmo com a vontade revolucionária em nossas “almas”.


Nossa geração talvez não faça nada, mas acredito que a próxima será uma das mais fortes, por que os indignados com o sistema ensinaram a seus filhos a possuir o fator X que não temos. A coragem para ir contra os grandes e a força para seguir em frente, coisas que por uma pena não possuirmos.

Taiã Nismaschin