sábado, 23 de fevereiro de 2013

Porque sou um filho da puta preguiçoso

Diferente dos meus colegas, eu detesto luta social. Acho um porre, acho entediante, irritante, estressante, cansativo, tudo ao mesmo tempo. Tudo que eu queria é que essa merda terminasse. Óbvio que eu não posso falar isso no meu facebook, mas vou usar o blog (ora, porque não? ninguem le essa merda mesmo) pro desabafo. Não tenho saco pra ficar de tocaia esperando o batalhão de choque chegar para me dar porrada. Não tenho mesmo... "Oh mas então você é um reacionário/alienado/acomodado/blablabla. Foda-se. Na verdade me revolta sim essa merda toda mas não sinto prazer nenhum em lutar de volta. Tudo que eu queria era que não fosse preciso esse desgaste... A questão da luta social é que uma coisa é a luta em si, outra é o prazer de lutar. Esse último eu não tenho nem um pouco. Graças a deus, aliás! Não fico animado perante a possibilidade de receber gás de pimenta na cara ou bala de borracha no estômago (juro, tem gente que fica!). Porque as coisas não podem ser mais... diplomáticas?

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Que mórbido é brincar com bonecos... Não são os bonecos a representação do corpo humano em seu estado de inércia - ou seja, morto - de forma a dar ao manipulador completo poder sobre o mesmo? Bonecos e cadáveres. Um mais leve que o outro. Um mais aceito que o outro. Mas o princípio não é o mesmo? Bom... bonecos cheiram melhor...


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Escrevera uma peça uma vez...

Se estava vazio, não era porque lhe faltasse alguma coisa mas, e o zelador sabia, porque lhe possibilitava tudo. Um palco vazio, dizia para si mesmo nos raros momentos em que se permitia filosofar, é como... e pensava um pouco... já usara "um livro", "uma fita de vídeo", "um botão de flor", entre outros, mas constantemente trocava a última metáfora por outra que fosse mais apropriada. Com frequência usava metáforas que já haviam sido trocadas, mas que lhe pareciam melhores no momento. Mas desta vez usou uma nova, uma que lhe pareceu mais apropriada do que qualquer outra que já tivesse usado... é como a aurora, e sorriu, cada dia é diferente, mas você sabe que vai acontecer e sabe que será lindo. Sim, esta estava boa... vinte e cinco anos... já varria o piso de madeira trabalhada daquele teatro havia vinte e cinco anos... quanta serpentina, purpurina, suor, papel, papelão, plásticos de todas as cores, panos, tecidos, e toda sorte de apetrecho teria varrido... recolhido... abrigado... sua casa estava cheia de quinquilharias de teatro. A velha reclamava, mas não podia convencer o zelador do contrário... era sua paixão e ela sabia disso, às vezes com admiração, às vezes com certo ciúme... Conhecera Shakespeare, Suassuna, Goethe, Chico Buarque, Nelson Rodrigues e tantos, tantos outros... o quanto rira, chorara, refletira nas sombras escuras dos bastidores reservados aos zeladores, aquele canto especial reservado, no escuro, entre as cortinas ou ao lado da saída... vira musicais, tragédias e comédias, recitais, óperas e performances... vira a vida sendo encenada e sendo vivida no palco e nas plateias. Lembrava-se do jovem tolo que entrara por aquelas portas aceitando o emprego como bico, suportando meses de berraria e cantoria enquanto esperava as luzes se apagarem para que começasse a limpar e organizar... Lembrava-se destes meses que não seriam recuperados, das peças que perdera a chance de assistir, de ouvir, de sentir, de viver... Recordava-se com carinho a Carmen que o seduzira, o Hamlet que o intrigara, mas, acima de tudo, o Fausto que o convidara para o mundo cênico. Entendia cada atuação como a encarnação viva do personagem, cada gesto como se parte de um contexto... Como Fausto, quis saber, mas sua fome se resumia ao mundo das artes cênicas, das personificações dos personagens, estes que não podem ter saído da cabeça de alguém, precisavam ter vida própria... Era uma aurora, sim senhor... e era linda a cada dia que passava, mesmo nos mais nublados... Entendera o palco vazia como um mundo a ser povoado, um contexto a ser preenchido, um espaço de infinitas possibilidades sempre disposto a voltar, após cada experimentação, a seu estado virgem e imaculado de esboço criativo infinito. E esta tarefa cabia ao zelador, trazer de volta a impecabilidade do palco, seu espírito de criação que não poderia ser outra coisa que não divino. Orgulhava-se do cargo... O protetor e cuidador da aurora... Parecia uma boa metáfora, de fato... De qualquer forma, não teria chance de substituí-la... O zelador morreu na manhã seguinte, devido a complicações no pulmão... Sua metáfora se tornara o epitáfio de seu túmulo, que está lá até hoje, no cemitério da cidade...

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O mito da mediocridade

Este se baseia na ideia de superioridade individualista e prepotente que tanto insistimos em ter... Ora, mas fazer o quê? Se se traça uma linha de mediocridade, é batata que o traçador está acima dela. De cima, observando, julgando, julgando. Olha esses alienados!, dirá o traçador e seus discípulos. Estes que preferem  futebol a jornal, churrasco a leitura, carnaval a cultura (sim, leitor, eles ainda tem a pretensão de definir o que é e o que não é cultura!), cerveja a vinho! Quanto mal gosto, quanta falta de... classe? Ah, a classe!

A Classe!!!!!!!

Não, leitor, não vivo na ilusão de achar que não existe hierarquia na soc-ie-dade. Mas também não tenho pretensão nenhuma de nomeá-la. Se a classe está lá, não sou eu quem vai apontá-la, é o classificado! Mas Leitor, não sou de todo cético, é claro! Creio! Tenho fé também, acredite! Acredito na ambivalência da violência! Do poder! Da coerção! Acredito na igualdade "coesão = coerção", não há como fugir disso e, por fim, acredito na submissão ideológica. Aliás, isso é fato. Minha fé mesmo tá na sua forma consciente e coletiva, ah aí o bicho pega leitor! E como pega!

E eram deuses os... intelectuais! Só que não...
A força do povo, leitor! A camada medíocre da sociedade! Os medíocres que fazem as revoluções, e estas começam deles e não de outros. Não é de Marx que vem o marxismo, mas da vontade do povo! De seus anseios! O povo só abrigará a ideologia que o servir e aí está o problema! Não existe consenso naquilo que chamamos "vontade popular". Quando há, há exigência, e, então, revolução. O povo não quer comunismo, o povo quer viver bem e ser feliz. O povo não quer se submeter a uma ideologia, o povo quer carnaval, quer futebol, quer churrasco e não há nada de errado nisso! Não há mediocridade, leitor! Há o que há e taxar e qualificar a realidade é a forma mais elevada de prepotência que há no homem. Não há representação apenas do representante. Quem me elegeu a voz do povo? Não falo por ninguém aqui a não ser por mim! O povo faz o que quer porque ele sabe o que quer e o que é melhor para ele e não cabe a nós, no final das contas, achar que temos a verdade em nossas mãos, livros e manifestos, pois a verdade já fala por si.

Como verdadeiros revolucionários, não cabe a nós doutrinar, mas aprender e apoiar a vontade da maioria. A voz que tentamos ouvir com tantos folhetos e debates e discussões é a voz que se ouve da janela do carro, quando deixamos ela aberta, é a voz que se ouve no metrô, na praça, na praia.

Não! Não existe mediocridade! Existe o que existe e o que as pessoas querem enxergar disso. A partir daí, é por conta de cada um.

essas merdas hippongas new age dos inferno

como é estranho ter tão pouco para falar de tudo... a infinitude que me cerca, sua frágil e irreverente inércia perante as transformações (pois se tudo é, o que pode escapar ao seu alcance?) sua estabilidade mórbida equilibrada na agulha da vida, seu tenso tudo, movimento incessante em direção a si mesmo... é tudo tão vago, e é tão pequena a consistência de minhas palavras... apenas olhe ao redor.