quinta-feira, 29 de março de 2012

Dor



Tá mal desenhado, mas acho que consegui me expressar. Sim, isso é um guardanapo hehe.

Finalmente entendi Lobão

"Um café, um cigarro, um trago, nada disso é vício. São companheiros da solidão, mas isso foi só no início."
O azul virou cinza. E das cinzas nada se tira. Nada se espera. Cinzas serão cinzas, atonais, apáticas, aqualquercoisa. Cinzas são o nada, o fim definitivo de tudo o que já foi. Cinzas não são. E cinza não é. Não é bonito, não é alegre, triste, claro, escuro, não é nem sequer neutro. Cinza não é cor. É dor. Dor do fim. Sem tristeza, só dor. Dor de não ser, dor de não ter sido, dor do nunca mais. O azul virou cinza, assim como o verde e o vermelho. Acinzentou-se o mundo. Não se espera mais nada agora. Só dor. Dor é a única coisa que se pode ter nesse não-mundo cinza.

segunda-feira, 26 de março de 2012

domingo, 25 de março de 2012

O Malandro não Existe

Presenciei duas vezes praticamente consecutivas o uso do termo "jeitinho brasileiro", uma para justificar a inutilidade de programas sociais numa discussão e outra na aula de Introdução à Ciência Política, quando a professora perguntou o que significava o termo (na verdade eu nem lembro o contexto em que foi feita a pergunta). Frustrado com a concepção geral, não só do brasileiro, mas de uma lógica determinista de construção da identidade, além, claro, da completa e aparentemente facultativa (visto que estou cursando Ciências Sociais na UFRJ!!) ignorância da realidade do verdadeiro "trabalhador" (não poderia existir palavra melhor para descrever o sujeito) brasileiro, eu resolvi fazer este texto.

"É o malandro", alguém respondeu à professora.

Não existe malandro; Tracemos a origem do conceito (que, por ser conceito, já subentende-se que se trata de abstração, uma criação do ser humano para categorizar qualquer coisa. No caso, pessoas, que é o pior dos piores tipos de categorização) até o início do século XX, quando certas figuras icônicas caminhavam pelo Rio de Janeiro, ainda capital. Para uma melhor caracterização dessas figuras, peguemos a música de Wilson Batista, "Lenço no Pescoço"

Meu chapéu do lado
Tamanco arrastando
Lenço no pescoço
Navalha no bolso
Eu passo gingando
Provoco e desafio
Eu tenho orgulho
Em ser tão vadio

Sei que eles falam
Deste meu proceder
Eu vejo quem trabalha
Andar no miserê
Eu sou vadio
Porque tive inclinação
Eu me lembro, era criança
Tirava samba-canção
Comigo não
Eu quero ver quem tem razão

E eles tocam
E você canta
E eu não dou


Pois bem. Você já viu alguém que corresponda a essas características? A "malandragem" da Lapa e alguns outros bairros do Rio foi um fenômeno momentâneo e bem pontual. Quando Chico Buarque monta sua música, Homenagem ao Malandro, já vemos um cenário diferente.

Eu fui fazer um samba em homenagem
à nata da malandragem, que conheço de outros carnavais.
Eu fui à Lapa e perdi a viagem,
que aquela tal malandragem não existe mais.
Agora já não é normal, o que dá de malandro
regular profissional, malandro com o aparato de malandro oficial,
malandro candidato a malandro federal,
malandro com retrato na coluna social;
malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal.
Mas o malandro para valer, não espalha,
aposentou a navalha, tem mulher e filho e tralha e tal.
Dizem as más línguas que ele até trabalha,
Mora lá longe chacoalha, no trem da central 


Isso foi escrito no final da década de 70, para a peça do mesmo, A Ópera do Malandro. Acho que fica óbvio a diferenciação do malandro descrito em 1930 e o de 1970-80. Vou abordar apenas o principal: primeiro se trata de um indivíduo de baixa classe social, que utiliza o que pode ou não pode ser chamado de "o jeitinho brasileiro" para "se virar" na vida. O segundo é um burocrata, alta classe social, que utiliza-se de seu poder para explorar a sociedade em toda a sua canalhice, enquanto o que era o malandro, o arrastador de tamancos da Lapa, o que tinha um lenço no pescoço, virou trabalhador. Podemos ver uma evidência desse processo de transformação na música O Bonde São Januário, também do Wilson Batista:



Quem trabalha

É quem tem razão

Eu digo
E não tenho medo
De errar



Quem trabalha...



O Bonde São Januário

Leva mais um operário
Sou eu
Que vou trabalhar



O Bonde São Januário...



Antigamente

Eu não tinha juízo
Mas hoje
Eu penso melhor
No futuro
Graças a Deus
Sou feliz
Vivo muito bem
A boemia
Não dá camisa
A ninguém
Passe bem! 



Que mudança radical, não? Esta foi escrita em 1940. Porque teria Wilson Batista mudado tão radicalmente sua opinião quanto a malandragem? Pois bem, ele não mudou. A ditadura de Getúlio Vargas, com o DIP, alterou a letra da música ("O bonde de São Januário/leva mais um sócio otário/só eu não vou trabalhar") e assim se declara aberta uma temporada de caça à malandragem.

Hoje, o malandro é apenas um símbolo, geralmente de samba (também marginalizado na época) e gafieiras. Mas sua estadia na sociedade brasileira foi o suficiente para cristalizar um sentimento de que o brasileiro é malandro de forma inata. Sempre buscando um jeito mais fácil para resolver um problema, sempre querendo se dar bem. Este é o "jeitinho". Berro a plenos pulmões o absurdo de tal concepção. Berro pois, como bem apontou Chico Buarque, o malandro de verdade, aquele que fazia parte de uma classe mais baixa na sociedade, de fato pega o trem e vai trabalhar. Feliz ou não com isso, o povo brasileiro é um povo que trabalha e, se o leitor me permite o uso de tal expressão, dá um duro do caralho, é explorado até a alma e extremamente mal remunerado. Esta é a grande maioria da população, a grande maioria que é pobre e que, pela minha experiência não muito vasta, jura pela honestidade e solidariedade de uma forma que apenas aqueles que são humildes e só tem a própria palavra e o próprio orgulho podem fazer. 



Falar de jeitinho brasileiro é colocar milhões de pessoas em um saco podre e chamá-las de vagabundas e aproveitadoras, é se submeter a um discurso preconceituoso, arcaico, e, sim, imperialista, que denigre não só a população do Brasil, como ao próprio indivíduo brasileiro que não nasceu com isso, muito pelo contrário, batalha todo dia para poder sobreviver em um país em que a desigualdade social perdeu já a voz de tão absurdamente gritante. Jeitinho brasileiro? E o jeitinho americano, de sempre conseguir explodir algum país para ganhar dinheiro em cima da destruição alheia e de forçar sua visão ideológica de jardim de infância ao resto do mundo? E o jeitinho árabe-israelense de sempre querer lucrar em cima de uma mercadoria ou de querer pagar menos? Posso passar milhões de linhas escrevendo absurdos para mostrar o quão é errado se estereotipar um povo por uma "atitude negativa", tanto do ponto de vista moral quanto do técnico. 


Tenho vergonha de nossos antropólogos e sociólogos que admitem a existência de tal conceito, que reduz e divide o povo. E que, como todos os conceitos, é abstrato e manufaturado. 


Esse ainda tem o privilégio de ser babaca.

sábado, 17 de março de 2012

Zeca Baleiro

O artista que eu mais respeito e mais ouço e mais procuro e etc. é o Zeca Baleiro, na minha opinião, o melhor compositor/músico de todos os tempos, independente da nacionalidade. Não é brincadeira, eu realmente ponho ele na frente de Beatles, Chico Buarque, Bob Dylan, o que for. Boto mesmo e reafirmo esta opinião quantas vezes forem necessárias. Eu me considero um apreciador eclético da música e, talvez justamente por isso, escolhi o Zeca para ser meu "guru musical". Além do próprio cara ser uma mistura de estilos, sua música é sempre uma antropofagia no sentido mais puro do movimento. Desde o álbum, um caldeirão de estilos e temas diferentes até a própria música que combina traços de trova com heavy metal (!), por exemplo. Nada é igual, cada trabalho é único e nunca cansa, sempre se tem mais para dar. Sem medo de experimentar e inovar, Zeca transformou a música popular em poesia de qualidade, tanto lírica quanto musicalmente. Darei alguns exemplos:

















E muitas, muitas, muitas outras. Eu poderia ficar o dia inteiro aqui, de músicas com elementos eletrônicos como O Hacker a acústicos lindos como Bicho de 7 Cabeças, Zeca é, sem dúvidas, o artista mais completo da atualidade, senão da história!!!!

E dia 20 de abril tem show dele no rio!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher!

Apesar de 1 dia atrasado...


Dia 8 de março. Creio que nunca dei muita importância a este dia... Achava uma babaquice, um motivo pra vender flor e fazer promoção em salão. Bom... eis que chega o dia em que eu mudo completamente de ideia. Este é o primeiro dia internacional das mulheres que eu respeito e é também, não por acaso, a minha primeira semana de aula na faculdade. Em apenas 4 dias dentro do IFCS, aprendi a respeitar diversas mulheres lá dentro que assumem a postura de mulher. Postura de mulher... que porra é essa? Se me perguntassem semana passada, eu diria que a feminilidade é a delicadeza, a graciosidade e essas porras clichês do século XIX. Uma visão romântica da mulher, a pura, a virgem, a delicada, etc, mas também uma visão extremamente machista. Ser mulher, eu concluí hoje, não é usar maquiagem e saber andar, ser mulher é saber dizer "eu sou uma mulher" sem vergonha de o ser. É poder ser dona do próprio destino e da própria vontade e não ser um apêndice sexual ou o que for do homem. (Cá entre nós, essa porra de romantismo é puro fetiche.) Ser mulher é, além de tudo, saber ser e não saber ser humana. Como todos nós. Ser mulher é ter personalidade e não deixar que barreiras inexistentes impostas pela sociedade a impeçam de ter prazer, de ter vontade, de ter sonhos, de ser mulher. Ser mulher é também ser doce e carinhosa, mas isso é ser homem também, isso é ser humano. Essa separação tão nítida de mulher e homem não é tão nítida assim. Ser humano é sempre uma constante que vai impedir isso de acontecer. Por mais que tentemos diferenciar os sexos, por mais que tentemos promover essa irrisória "guerra", ela não existe. Não pode existir. Diminuir a mulher é um botão de auto-destruição. Diminuir a mulher é nos diminuir como seres humanos e, portanto como espécie. É regredir para nem sei quando. O problema é que ainda fazem isso. Ainda vivemos num mundo patriarcal, ainda acreditamos em religiões patriarcais e ainda temos um Deus comum homem. É ridículo pensar que o gerador de todo o Universo pudesse ser um homem e, no entanto, é isso que acontece na cabeça das pessoas. Como pode? Como pode a mulher ainda se violentar, se agredir para agradar o homem? Ser uma gueixa aos olhos da sociedade... No dia da mulher, dou os parabéns a minhas irmãs, não porque são delicadas ou lindas ou o caralho a quatro que for, mas porque são mulheres, e isso já é uma coisa admirável por si.

Frustrações...

Rapinagem! 
Corvos, urubus, carniceiros! 
O povo morre 
e você corre 
para bicar seu morto,
seu voto,
seu porco
nojento,
hipócrita,
demagogo!
Morto bom
é morto morto.
Imagina se levantassem? 
Acabou seu banquete, 
acabou sua carniça.

terça-feira, 6 de março de 2012

Eu vivo me contradizendo... isso foi domingo passado

Como é engraçada essa contradição humana... as pessoas buscam com tanto afinco a felicidade, sacrificam suas vidas inteiras para alcançá-la e, no entanto, ela está tão perto... Comer uma boa comida, deitar no sofá e sentir a brisa úmida, que traz a chuva, no rosto, conversar sobre bobagens, risadas fáceis, ouvir boa música, ter vontade de viver o amanhã. É tão simples, tão fácil estar feliz, porque as pessoas complicam tanto? Engraçado mesmo... e trágico, de certa forma. A sina da humanidade será procurar o que se ignora?

domingo, 4 de março de 2012

Hora de Organizar

Vou rodar pelas postagens e começar a botar marcadores, assim o sujeito que lê este blog pode procurar pelo assunto que mais lhe interessa... isso não tornará o blog mais organizado quanto ao que será postado, mas ficará mais fácil achar o que já foi postado. E já que eu não tenho nenhuma ferramenta de busca, acho que vou botar isso também. Olha só! Estamos progredindo hein?