quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sonetos, parte 2: Carolina, Machado de Assis



Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

O Amor Existe?

É uma pergunta plausível, o amor existe? quer dizer... depende, claro da sua concepção de amor. Adimitindo que o ser humano é extremamente variável e que cada um sente de um jeito o que todos chamam pelo mesmo nome, o amor é algo muito mais que abstrato, algo inatingivel para uma concepção coletiva. Por isso, eu vou usar a minha própria concepção de amor, que é romantica, eu sei, mas não importa muito.

Para mim, amor é a taquicardia sempre que você vê aquela pessoa sorrir, seus olhos cintilarem, seu cabelo brincar com o vento... Amor é sim a atração, em todos os momentos, o descobrir o corpo de seu parceiro, sempre com prazer, sempre com respeito, mas muito mais que isso, o amor transcende o físico e o corpóreo, amor é a dor no peito quando quem você ama está triste, é a furiosa empatia que nos toma conta junto dela, seja esta pessoa um parente, um amigo ou uma namorada. Amor é compreender o outro sem muitas palavras, é sentir-se bem somente com a presença de quem ama. É o conforto que apenas lembrar da pessoa traz, é o respeito mútuo. É, por fim, amar.

Mas isso existe? Quero dizer... não posso dizer que não exista momentaneamente... mas o amor é de fato constante, eterno? O amor se desgasta? O amor que trascende o físico consegue sobreviver ao próprio físico?
Bom, certamente que o "amor" foi vulgarizado ao extremo hoje em dia, ouvimos "eu te amo" para qualquer ficante de carnaval, só para, duas horas depois, falar para os amigos que pegou uma vadia muito gostosa. Ora, ainda existe o amor? ou melhor, algum dia este amor existiu? Será o amor uma exclusividade para poucos, apenas para quem está aberto para a possibilidade? Para os mais sonhadores, talvez... Quem sabe este meu amor não seja uma reação psicológica minha a qualquer coisa? O amor existe? ou só existe o medo da solidão, o apetite sexual insaciável e um conjunto de hormônios? Já dizia o poeta:


"Eu não quero te iludir
Eu falo porque tu gosta de escutar
Na hora do amor, eu falo até que vou casar
Quer fidelidade, arruma um cachorro
Quer romance, compra um livro
Quer amor, Volta a morar com seus pais mulher"

tirado de :"MC LUAN - PENTADA VIOLENTA"


Afinal, o Transcendental é o sentimento ou a palavra, o conceito?

Sonetos, parte 1: Introdução

De tempos em tempos eu postarei alguns poemas, sonetos e poesias, além de contos, claro, que eu gostei. Serão autores nacionais, estrangeiros, barrocos, romanticos, conhecidos, desconhecidos, amigos meus, etc...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Onde está a Lírica?

Ouço muita gente comentar que a música de verdade se acabou no Brasil... e, honestamente, não tem muita coisa que me deixe mais irritado... A música nunca se acabou no Brasil, e quem o acha é porque não a procura. Quem se sente satisfeito ouvindo pancadão de carros-auto-falantes, com suas letras degradantes e ofensivas, mas aclamadas por tantos jovens, só para depois aplicar aquele saudosismo ferrenho e sem fundamento usado tanto para criticar tudo que é moderno, dizer que "não existe música hoje em dia, antigamente que era bom" e então, usa o tropicalismo de Gil e Caetano, ou o rock rebelde de Renato Russo, ou o romantismo bossa-rock de Cazuza para justificar tal afirmação. Enfim, o saudosista se aproveita da genialidade musical e poética (no caso da música) dos grandes mestres do século passado para criticar o que é moderno sem nem saber o que está criticando. "E onde está a Lírica?", você me pergunta. A Lírica está num funk de protesto contra a violência, está num rap que te mostra a realidade, está na poesia das coisas simples, das complexas, da política, do futebol, da filosofia, da teologia. A Lírica está nas figuras de linguagem, metáforas, metonímias, hipérboles, está na auto-reflexão, na reflexão da vida, da sociedade, enfim... a poesia pode estar num armário ou no Sol, não importa, a Lírica está em quem a encontra. E Muita, MUITA gente hoje em dia ainda a possui, basta procurar e facilmente encontrará. A não ser que a música não seja realmente sua preocupação, apenas uma desculpa para xingar e criticar o que não conhece... e nem quer conhecer.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Primeira Postagem, A MORTE


As cinzas dos meus sonhos se resvalam por entre meus dedos. Estou velho... a morte se aproxima e deixo para trás meus sonhos não concretizados, queimados, molhados pelas minhas lágrimas finais. Deixo para trás... minha vida. Minha sina em fim chegou. Olho ao redor, tudo é pó, como meus sonhos... Como eu me tornarei.