quinta-feira, 25 de abril de 2013

Clarice

Por meio de vossos muito bem apresentáveis atributos, pude conceber um universo inteiramente inédito. A saber, o da vida não me apresentada antes de vossa vinda. Se tenso foi, igualmente prazeroso e se infame, discreto, mas nunca não foi doce, nem por um momento. Se por vezes doía, talvez em algum ponto na consciência, era no mundo dos olhos arregalados mas cerrados, sempre virados e vidrados, onde estava. E lá não há consciência, inconsciência, sub-ou-super-qualquer-coisa-mais, é só o que há e é e sendo. Molhado, despeço-me do puro estado de anestesia da alma, da leveza dos movimentos duros e sou jogado às dores no calcanhar, ao ranger dos joelhos e às golfadas sem ar... Distante, me perco; Por perto, me frustro. Quero ir para longe mais uma vez.

Para você, mais experiente em tantos os meios e sentidos, se tornou recorrente perder-se. Pois leve-me novamente, quero perder-me contigo para sempre, até que nossos corpos se apodreçam da fome e da sede insensíveis aos que vivem de amor.

Para minha eterna musa,
Obrigado

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Com amor (que nunca deixou de existir), para Josefina

Vejo 
através dos véus, eu vejo
através do branco, eu vejo
através das maçãs, eu vejo
do vermelho, eu vejo
da tensão eu vejo
do prazer eu vejo
de todos os meses, eu vejo
de todos os panos, eu vejo
de tantos anos...

Vejo
através dos olhares,
dos cheiros,
das ligações,
das tardes,
das discussões,
das brigas,
dos falsos perdões,
do sofá...
das lágrimas...
dos papéis...

Vejo
através das tvs, vejo...
através da insônia, vejo
através das pílulas,
através das crises,
através das dores de cabeça,
dos soluços,
dos punhos,
da raiva,
do receio,
da perda,
do arrependimento,
do tapete...
da gaveta...
do cano...
preto...

vejo 
a mim...
e você...
através da vida...
e da morte.