quinta-feira, 1 de julho de 2010

O Bebê Filósofo

"A única coisa que precisamos para nos tornarmos bons filósofos é a capacidade de nos admirarmos com as coisas"
            - Jostein Gaarder, em "O Mundo de Sofia"


Segundo Jostein Gaarder, autor de muitos excelentes livros  (entre esses O Dia do Curinga, A Garota das Laranjas, e, claro, seu magnum opus, O Mundo de Sofia), o que nos torna filósofos é a capacidade de nos admirarmos, com uma descoberta na astrofísica ou com uma simples flor, o fascínio é nossa principal arma e é com ele que perguntamos "O que é isso?", "Como funciona?" e o mais importante "Porquê?". O fascínio nos leva a parar e olhar ao invés de passar direto. E é uma característica intrínseca ao ser humano, nascemos com ela. Segundo Gaarder, o bebê é o mais perfeito filósofo pois seu fascínio o dá uma dádiva tremenda: a mais insaciável busca pelo conhecimento, descobrir um mundo inteiro que é novo para o bebê, descobrir sua existência, e com o tempo, descobrir a andar, a falar, descobrir que mel é doce e que fogo queima. Mas com o passar dos anos perdemos este fascínio, esta capacidade de admirar e começamos a passar direto, passamos por flores sem olhar, passamos pelo mar sem olhar, passamos por um pôr do sol sem olhar, passamos por pessoas sem olhar, passamos, por fim, pela vida sem olhar e quando nos damos conta que perdemos tanto, está tudo muito longe para voltar. E Gaarder, em todos os seus livros que já li, insiste em bater uma mesma tecla: que a vida é curta demais para se passar sem olhar, que a vida é linda demais para se passar sem olhar... Não é hedonismo, não é carpe diem, é apenas viver, prestar atenção, se admirar, se fascinar. Olhe para o céu, assista a um por do sol de vez em quando, a um nascer do sol na praia, abrace a natureza, suba suas montanhas e veja suas paisagens, admire-se com as pessoas, com a música, com a poesia, com o cotidiano. Veja um bom filme, leia um bom livro, saia da rotina. comece a observar a arquitetura, o reluzir do Sol nos prédios de vidro, o domo de uma igreja, uma escultura. Coma uma fruta, admire-se com seu sabor, com sua cor. Por fim, mas mais importante: Admire-se com sua própria existência, quem é você e onde você está? E questione, questione sempre, tente descobrir. "porquê? porquê? porquê?"
Quem sabe assim poderemos voltar a ser bebês, voltar a tentar entender. Por último, vou deixar uma pergunta feita for Gaarder no livro A Garota das Laranjas:

Imagine a vida como uma incrível viajem, com as melhores sensações que você um dia irá sentir, mas essa viajem dura pouco e, um dia, acaba, você iria? Você iria nessa viajem com emoções e sensações incríveis com a ciência de que, uma vez terminada, nunca mais poderá fazê-la de novo? Se você pudesse escolher entre ir e conviver com isso quando a viajem acabar e simplesmente não ir, o que você faria?

E pense: Você já fez esta escolha, não desperdice a viajem.

Fascine-se

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