quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Mídia Imparcial e o Fenômeno Michael Jackson, Parte 1: Introdução

Introdução da Introdução

Eu estou com este post na cabeça já faz um tempo e passei o dia todo pensando em um  começo, uma introdução. Decidi então simplesmente começar comigo, explicar como a ideia surgiu. Pois então, foi na semana de homenagem a 1 ano da morte de Michael Jackson, uma quinta feira, se não me engano, eu estava trocando de canais quando parei no Multishow, onde estava passando um documentário independente sobre o julgamento do Michael Jackson. A princípio, não me interessei muito, nunca fui muito fã do Michael, para ser sincero. Mas com o desenrolar do documentário, o meu interesse foi aumentando até chegar ao ponto de não conseguir desgrudar da tela. O julgamento foi demonstrado da perspectiva dos fãs e da Mídia, ou seja, os documentaristas filmaram o agregado de fãs, tanto do lado de fora do julgamento quanto nos arredores do Rancho Neverland do Michael, e, ao mesmo tempo, mostravam uma compilação de reportagens e entrevistas das mais variadas emissoras americanas. Neste post, vou usar o documentário, cujo nome, infelizmente eu não consigo lembrar, além de outras fontes, para comentar sobre a censura no meio jornalístico, a falsa imparcialidade da Mídia, e outras coisas. Também vou falar de uma atitude que me comoveu e me fez ter uma simpatia maior pelo falecido Michael Jackson, pelo homem e por sua imagem.

A Mídia Jornalística


Os interesses jornalísticos vão além dos que deveriam ser, que seriam a distribuição de informação à massa: a Mídia jornalística deveria dar poder ao povo para mudar, mostrar que algo está errado, mostrar que, por exemplo, pode-se mudar um governo se um levante for organizado. A Mídia mostraria os podres da sociedade para consertarmos. A função dela seria, resumindo, girar a manivela que move a democracia, o que é um papel importantíssimo. Para isto, a imprensa deveria ser imparcial, não expôr sua preferência, apenas mostrar os fatos já que a mesma exerce uma influência imensa na vida das pessoas. Tudo bem que esta influência já está diminuindo com o crescimento da internet e da Mídia Independente, mas ainda é enorme sua presença na opinião de todos, afinal, aprendemos a confiar na televisão e no jornal e na revista, eles que nos informam sobre o que acontece no mundo.
No entanto, a imprensa mostra uma incapacidade gigantesca de fazer o próprio trabalho, e não é por falta de recursos, a Globo, por exemplo tem talvez o melhor equipamento das emissoras brasileiras e apoiou escrachadamente a Ditadura Militar no Brasil, além da candidatura Collor, editando debates de uma forma que botavam claramente o candidato do PRN por cima do Lula, do PT. Não, é uma incapacidade facultativa, onde o que importa deixou de ser a informação e passou a ser a audiência e os lucros. O jornal deixa de passar matérias relevantes para ensinar receitas ou como adotar um gatinho de rua. O motivo, segundo William Bonner, é que o telespectador médio é como o Homer Simpson. Sério, ele falou isso mesmo. Se não acreditam em mim, acreditem na Folha: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u55778.shtml.  

O motivo então, é que não temos capacidade para entender matérias mais complexas, e, portanto, pensando em nós (como são altruístas) eles nos alienam e nos poupam de pensar. Quanta generosidade. 

E ainda existem outras formas de manipulação de informações. Por exemplo, o canal americano NBC pertence à companhia General Eletric (GE), agora me explica, se a GE for acusada de, por exemplo, um defeito em um dos seus produtos, os telespectadores da NBC vão saber?  Ao comprar fontes de informação as empresas não apenas ganham propaganda de graça, elas ganham também uma proteção. Além de muito, muito, muito lucro, claro. Isso sem contar as vantagens políticas, associações com empresas e partidos, subornos gordos, etc. Ainda vou voltar para este tópico, mas, por hora, pararei aqui.


A Mídia e Michael Jackson


É bem verdade que a relação entre Michael e a Mídia era visível desde bem cedo, quando os Jackson Five conseguiram um contrato com a gravadora Motown. Michael e seus irmãos escreveram diversos sucessos na época, incluindo "ABC" e "I Want You Back", mas a relação se tornou mais estreita quando Michael lançou carreira solo, estreando com o álbum "Off The Wall", seu primeiro na idade adulta e com o ganhador do Grammy, o compacto "Don't Stop Till You Get Enough", mas foi a partir do lançamento do sucesso "Thriller", que se tornou quase parasitária. Michael se tornou um revolucionário no que diz respeito a espetáculos musicais, com clipes que mais pareciam filmes de Hollywood. Então ele era Michael Jackson, o rei do pop, o grande gênio musical, e, porque não, o revolucionário.  Michael era habilidoso, Michael era criativo, Michael era um santo, especialmente depois da campanha USA for Africa (lembre-se de "We Are The World').

Após o lançamento do álbum "Bad",  as manchetes mudam de gênio para excêntrico. Por exemplo, os jornais diziam que Michael dormia numa câmara hiperbárica para retardar o envelhecimento e que ele havia retirado um pedaço de seu próprio nariz e guardado em uma jarra. Fora, claro, os escândalos quanto ao clareamento de sua pele. Apesar de afirmar ter sido diagnosticado com vitiligo, doença em que o paciente perde a pigmentação da pele, especulava-se que Michael Jackson estaria fazendo um tratamento intensivo com hidroquinona para se tornar branco, e ainda afirmavam que o cantor teria feito diversas cirurgias plásticas. Michael então virou alvo da Mídia sensacionalista, para bem ou para mal. Mesmo assim, sua turnê mundial "Bad" atraiu 4,4 milhões de fãs, um recorde.

Em 1993, Jordan Chandler, de 13 anos acusa Michael de abuso sexual, o que só serviu para esquentar ainda mais o atrito Mídia x MJ. Michael respondeu às acusações da imprensa dizendo que jamais faria mal a uma criança. Chandler, mais tarde, admitiu ter mentido obedecendo ao pai. Michael já havia morrido. Enquanto a Mídia mundial discutia o caso Jordan Chandler, aqui vai uma lista do que acontecia no mundo, no mesmo ano: http://pt.wikipedia.org/wiki/1993.


Em 2001, após os atentados de 11 de setembro contra as Torres Gêmeas (World Trade Center), Michael Jackson ajudou a formar o movimento "United We Stand: What More Can I Give", buscando fundos de caridade para famílias que sofreram com o ataque (Enquanto isso, o governo norte-americano negligencia os próprios voluntários, esses que sofreram graves problemas de saúde após ajudar a salvar feridos, a retirar destroços e corpos, a limpar o local, etc. Essas pessoas que hoje possuem problemas psicossomáticos, pulmonares entre outros e não têm dinheiro para pagar a um seguro que os cubra, para mais informações: http://www.nytimes.com/2006/09/06/nyregion/06health.html (em inglês)). E em 2003 Michael Jackson foi novamente acusado de pedofilia pelo garoto Gavin Arvizo. O julgamento durou 5 meses e terminou no final de maio de 2005. É aqui que entra o documentário. É aqui que o post começa.

Continua...

2 comentários:

  1. Você conseguiu exemplificar o meu ponto de vista. Nunca disse que MJ não foi e ainda é um dos maiores gênios da musica, só digo que a musica dele não me agrada muito mas preciso reconhecer sua grandiosidade. A grande questão é que ele é um dos exemplos mais claros da manipulação da mídia sobre nossos astros, ou não, para faturar. Quando estava em alta apoiá-lo a mídia o fez com fervor e quando o lucrativo foi acusa-lo ela também o fez e a maioria das pessoas, muitas vezes leigas sobre o assunto, acreditavam no que era dito a elas sem questionar. Ele é só um caso, um caso gritante por causa dos seus feitos que o fizeram mundialmente famoso porem ainda mais um dos casos de aproveitamento da mídia.
    Deixo então minha crítica aos novos fãs do Michael que o veneram sem mesmo o conhecer apenas porque ele é a nova moda do verão.

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  2. Parabens Breno pelo seu Blog. Parabens pelos seus comentarios,investigações, suas ideias, suas preocupações com o raciocinio livre e despretencioso. Colocar tudo isso para avaliações de todos que quiserem acessar demonstra coragem. Continue, não deixe a peteca cair. Isso nos ajuda a aprender e aperfeiçoar nosso raciocinio e, nos encoraja a pensar.

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