sexta-feira, 16 de julho de 2010

A Mídia Imparcial e o Fenômeno Michael Jackson, Parte 3: Fim

"Os Urubus querem carniça"

O Julgamento e o Documentário


Um casal de repórteres, uma multidão de fãs, várias equipes jornalísticas dos mais diversos canais, entre eles a Fox News, canal que vocês ainda ouvirão muito por aqui, caso o blog vá em frente. A Fox News tem a popularidade de ser um canal republicano super conservador, com gentalhas como Bill O’Reilly como “jornalistas”. Entre a equipe da Fox News cobrindo o caso Michael Jackson x Gavin Arvizo, uma jornalista em especial merece ser mencionada. O motivo eu vou explicar depois. Seu nome é Aphrodite Jones.


O Documentário


Enfim chegou. Toda aquela falação dos últimos dois posts foi para chegar aqui, aqui é o início, meio e fim do post, o clímax, a conclusão. Vamos logo com isso então.

Câmeras filmando, pessoas protestando. Esse era o clima predominante durante o último julgamento de Michael Jackson por pedofilia e abuso infantil. Vocês se lembram do que eu botei lá no início, na parte 1 do post? Pois então, voltaremos ao tópico 1, voltaremos de onde eu devia ter começado...

Eu peguei o documentário na metade. Vi uma mulher filmando e entrevistando alguns fãs (e alguns opositores afirmando que Jackson era culpado e que queimaria no inferno em nome de Jesus nosso Senhor), quando um grupo de sujeitos bem vestidos chegou, e outro e outro. A maioria vinha de vans com abreviações nas inscrições “ABC”, “NBC”, “CBS”, entre outras. Quando os fãs, em meio a protestos, músicas em homenagem ao Rei do Pop e cartazes de apoio emocional, viam as filmagens das reportagens, a indignação era o sentimento presente. Um dos fãs atacou verbalmente uma jornalista, esta que conseguiu uma ordem judicial contra ele. O fã iria entrar para acompanhar o julgamento. Outro repórter fez uma reportagem antecipada sobre a condenação de Michael Jackson. “Não é surpresa, dizia ele, descobrir que Michael Jackson foi considerado culpado pelo júri” “É MENTIRA!”, gritavam os fãs, “O JULGAMENTO SEQUER ACABOU E MJ É INOCENTE!”. Ao entrevistar fãs e repórteres, o documentarista percebeu um padrão, o da postura indiferente à verdade e ao respeito por parte dos repórteres, que simplesmente empurravam a câmera, praguejavam algumas coisas e continuavam o que estavam fazendo (e o de algumas pessoas, segurando cartazes contra Michael e afirmando seu fim com Satanás). E o da revolta por parte dos fãs, revolta por não poder fazer nada contra a injustiça sendo cometida pela mídia, a adulteração da verdade, que é sagrada. Não só porque são fãs, mas porque eles estavam lá, não é por admiração ao astro, é por aguardar um veredito enquanto toda uma imprensa, sensacionalista e imparcial, já o deu. Culpado. Culpado! CULPADO! Numa coletânea de entrevistas, reportagens e matérias dos mais diversos canais, os documentaristas mostraram a tomada de posição da mídia. Tudo isso para ilustrar a arrogância de uma mídia que comanda um país inteiro. A mesma mídia que ajudou George W. Bush a entrar no poder pela segunda vez, em uma eleição corrupta e suja, a mesma que apoiou a guerra no Iraque sem mais nem menos, só para citar dois exemplos. E se vocês não se convenceram do partidarismo midiático, leiam este trecho de um texto retirado de um jornal independente, criticando a ação da mídia em cima do caso Michael Jackson:

“Michael Jackson is guilty as hell. The case has been made beyond the shadow of a doubt. Haven’t you been paying attention? Bill Press, Dan Abrams, Chris Mathews, Imus, Brian Williams, Dateline NBC and E! Bill O’Reilly, Linda Stasi of the New York Post, Diane Diamond from Court TV, whatshername from Celebrity Justice (!), and Gloria Allred have all come right out and said it.” http://www.rutherford.org/oldspeak/Articles/Art/oldspeak-mj.asp

Em tradução livre:

Michael Jackson é mais que culpado. O caso foi feito sem sombra de dúvida. Você não prestou atenção? Bill Press, Dan Abrams, Chris Mathews, Imus, Brian Williams, do Dateline NBC e E! Bill O’Reilly, Linda Stasi do New York Post, Diane Diamon do Court TV, qualémesmoonomedela do Celebrity Justice (!!!!!!!) e Gloria Allred, todos vieram e disseram!

Apesar disso tudo, Apesar de tanta agressividade jornalística, ele foi declarado inocente de todas as acusações por unanimidade. O que me comoveu.

Porque me comoveu?

Bom... lembra do Fenômeno Michael Jackson que eu explanei no último post? Pois então, enquanto muitos viram um astro se safar por sua fama e dinheiro, enquanto muitos viam o Rei do Pop se aproveitando de sua credibilidade... eu vi outra coisa... eu vi o Fenômeno... eu vi pessoas ignorando as tendências midiáticas e ficando do lado de alguém inocente, eu vi um grupo de jurados tomando como rumo a verdade e não o senso comum, não a falsa imparcialidade do jornalismo, mas a sua própria visão dos fatos, a falta de provas e não o amontoado de opiniões. Eu vi Michael inspirar uma silenciosa rebelião contra a doutrinação e dominação midiática.


A Censura no Jornalismo


Lembra da Aphrodite Jones, do início do post? Ela era uma repórter cobrindo o julgamento de Michael. Quando questionada pelos documentaristas se achava que ele era culpado, Aphrodite entrou em uma evasiva. “Eu sou fã do cara, sou mesmo... mas acho que ele pode ser um gênio musical e ter seu lado negro”, foi mostrado então um trecho de seu programa na Fox News, onde ela afirmava que Michael era, de fato, culpado. Aphrodite mais tarde saiu da Fox News e veio a escrever um livro. “The Michael Jackson Conspiracy” (A Conspiração Michael Jackson), onde ela fala sobre o complô midiático em cima do Rei do Pop. Além dela, uma outra jornalista foi entrevistada. “Não estou aqui por que quero, disse ela, eu queria estar cobrindo fatos de verdade, política, economia, mas parece que celebridades é mais rentável. Estou só trabalhando.” Se quiser saber mais sobre o livro de Aphrodite Jones, aqui estão alguns links (inglês): http://www.aphroditejones.com/books/Michael_Jackson.htm  http://www.youtube.com/watch?v=JVLBeBi59Hw http://www.nydailynews.com/entertainment/tv/2010/04/29/2010-04-29_aphrodite_jones_defends_michael_jackson_and_blames_king_of_pop_foes_for_his_deat.html. Se tornou um angustiante fato que o jornalista não possa ter opinião, ele tem que seguir de acordo com a opinião de seu canal. Se não seguir... é rua (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16791).




O jornalismo de hoje passou de informativo a doutrinação. Nossa salvação... é a internet.




Conclusão



É óbvio que existe parcialidade no meio jornalístico e, honestamente, eu não vejo problema nisso. Cada emissora, cada meio de mídia tem direito de ter sua visão ideológica, cada ser humano tem. Mas que fale que possui de fato esta visão, esta parcialidade. Caso contrário a falsa imparcialidade se torna uma arma, uma arma de alienação que só mostra parte da história e afirma estar mostrando tudo. A falta de desenvolvimento no pensamento crítico do cidadão comum também ajuda. Se somos Homer Simpsons, somos porque confiamos demais na televisão, chegamos em casa e sentamos no sofá e os assistimos. E é assim que prosseguimos, fielmente, dia após dia... Se somos Homer Simpsons é isso que eles querem. Se não questionamos, é isso que eles querem. Se não lemos, vemos o filme, é isso que eles querem. Se aceitamos ver vidas de celebridades ou futebol ao invés de fatos políticos relevantes (o aumento de salário no congresso e a mudança da lei ecológica durante a Copa do Mundo), é isso que eles querem. Não digo que não devamos nos distrair, eu gosto de um futebol, gosto de vibrar, gosto de séries bobas e sem sentido. Estou dizendo para revermos nossas prioridades... estou dizendo para entendermos como ganhamos com isso, como ganharíamos fazendo diferente. Na Argentina surgiu um programa da TV Pública que contradiz o que as grandes emissoras dizem... desmente suas mentiras. Segue o link: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16752&boletim_id=724&componente_id=12161.



Que fique na sua mente que o Fenômeno não é de exclusividade do Rei do Pop. Podemos inspirar pessoas, podemos transmitir nossos sentimentos através de algo que fazemos bem. Para isso estamos aqui. Será mesmo preciso aparecer outro Michael Jackson, outro Geraldo Vandré, outro Gandhi, ou poderemos começar a andar com nossas próprias pernas? Precisamos mesmo de cadeira de rodas?











    
                                          "Ele queria que todos gostassem dele" - Slash sobre Michael Jackson

http://extra.globo.com/geral/casosdecidade/posts/2010/06/27/michael-jackson-cantor-vira-idolo-de-criancas-depois-de-morto-303364.asp

Adeus Michael

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