terça-feira, 12 de junho de 2012

Certamente nao e pra mim... Deixem os outros com suas felicidades, eu continuo a me sabotar... essa inseguranca teima em assegurar minha solidao... E que mal ha nisso? Existem aqueles que nasceram para a vida reclusa, eu apenas cumpro meu papel. Que seja recluso, entao, e que seja so... Que seja miseravel e que seja eterno... So conheco esse jeito de viver... toda tentativa de fugir de meu caminho foi terrivelmente frustrada... Mas talvez tambem isso faca parte de meu processo de isolamento... a frustracao que me joga, com a forca de suas investidas, para longe dos outros e cada vez para mais perto de mim... de mim? Como posso me chamar de egocentrico (existe outra palavra para isso?), se se trata de um egocentrismo forcado? Sinto a melancolia e aprendo a aprecia-la... Ja nao doi mais como da primeira vez... de fato, quase sinto prazer... a dor me transformou num viciado. Masoquista por definicao, a dor tanto faz parte de mim quanto me consome... tenho nocao de minha curta data de validade, muito em breve serei produto estragado, rejeitado e por fim removido das prateleiras... Falta conservante... falta aquilo que motiva a sobrevivencia... Nao... meu masoquismo urge pelos vermes, aguardo-os sem muita paciencia. Esse impeto passivo-suicida que me assola agora nao e de todo assustador. Talvez o seja para ti leitor, pois nao vives minha situacao, nao sabes o que e estar dominado por si mesmo, impotente (olha ela de novo, nossa deusa-mor, estrela guia, coordenadora de minha vida). Se vamos denomina-lo, chamaremos de contraditorio (vivo enquanto morto). Suicidio passivo, psicologico... ja morri faz tempo, e um fato. Apenas aguardo o fato se consumar - fisicamente. Enquanto espero, saboto-me, mantenho-me morto. Sao postumos estes escritos, sempre foram, desde aquele dia na infancia. Nao... por toda minha vida tenho te culpado (no fim e isso, por mais que eu tente negar) por minha morte, mas estive sempre errado... nao sou um caso de homicidio, o assassinato foi proprio e foi lento e gradual, como se concretizou no dia em que voce nao quis mais olhar na minha cara. Como doeu... foi a ferida fatal. Mas eu a busquei, agora e claro. Busquei a dor, como bom e obediente masoquista que sou. Nao tenho coragem de te procurar... Nao sei o que falaria... E agora sinto-me num momento decisivo... ou faco a autopsia de meu espirito, finalmente te reencontrando (se e que ainda es a mesma), ou continuo aguardando, entorpecido, ansioso, os vermes. Naturalmente, os vermes sao mais acolhedores...

2 comentários:

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  2. puta que pariu, com que maestria consegues arrancar as palavras das minhas mãos? não sei se parabenizo ou lamento, mas sei que estamos no mesmo barco, meu caro. Talvez não no mesmo barco pq sou espaçoso, mas provavelmente no mesmo mar negro e congelado da melancolia.




    ÊÊ consegui apagar meu comentário anterior!

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