segunda-feira, 21 de maio de 2012

De um delírio no banheiro

A seguinte imagem mental: um ser humano, não importa o sexo, os braços erguidos à altura do peitoral, esticados para os lados, formando um ângulo de 90º com o corpo e fechados, as mãos se encontrando no peito, os dedos se complementando em um enlace frouxo. Vejo as definições dos músculos, as marcas das veias, as sombras dos ossos. Sinta a textura da pele com seus dedos que tocam seu corpo. Sinta a textura dos dedos com seu peito que toca suas mãos. Agora desça com calma suas mãos pelo seu corpo, sinta como cada parte dele parece se comportar diferente diante do toque, sinta a textura, sinta o carinho. Sinta cada pedaço de seu corpo, cada fio de cabelo, cada célula viva. Passe para o rosto, sinta as pálpebras, como elas parecem cansadas ao toque, fatigadas pelo dia longo. Sinta a orelha, o nariz, a boca, úmida, delicada. Sinta o cabelo. Sinta-se como um ser por inteiro, uma vida inteiramente viva, inteiramente sua. Sinta sua mente, sinta seus desejos, sinta seus anseios, suas vontades, seus medos, seus receios, suas dores, seus infernos. Sinta suas memórias, suas esperanças, suas utopias e suas barbáries, seus arrependimentos e seus orgulhos. Sinta-se. Nada mais. Entenda-se. Nada mais. Agora olhe para si e veja o que és. Admire-se! Experimente-se! Devore-se!

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