sábado, 22 de setembro de 2012

Foi só quando ela o abraçou por trás - quando ela o empurrara para fora de sua própria mente - que ele entendeu que não poderia mais ficar ali. Desculpe, disse ele, não é nada pessoal... parou um momento e completou é sim... é muito pessoal, pessoal demais. E era, não conseguiria, pessoalmente falando, mais suportar estar ali, viver ali, se sentia como um intruso, como um parasita de estimação, queria andar sob suas próprias pernas, sentir suas próprias dores, comemorar suas próprias conquistas. Talvez seja egoísmo meu, disse ele, mas não consigo mais te olhar de baixo, não saber se eu consigo andar sem sua ajuda. Era egoísmo. Ela chorou, a dor da perda e da culpa arrebatando-a para o quarto, a porta trancada e o grito abafado de então vai, vai agora porra, o desespero de não o ter mais por perto evidente em sua voz. Ele observou a cena em silêncio, ouvia ela chorar por trás da porta enquanto apanhava a mala e ia embora.

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