terça-feira, 25 de setembro de 2012

Criaturas de expressões grotescas, de pernas viradas ao avesso e ossos saltando às juntas aglutinam-se ao redor da fogueira onde as mulheres são queimadas - as mulheres são queimadas - as mulheres são queimadas - as mulheres são mulheres - as queimadas as mulheres são mulheres são queimadas - dantesco! algum berro horrorizado ao longe, apenas para ser ignorado - a dor da indiferença - chora! nem medo tens o direito de sentir! as mulheres na fogueira lamentam serem mulheres na fogueira. as mulheres na fogueira se debatem, tentando livrar-se das garras muito bem apertadas do fogo, das garras muito bem ajuntadas de sua própria carne carbonizada. as mulheres foram queimadas e as bestas estão a sorrir, suas patas quebradas e deslocadas garantem a inconstância do movimento, o tombo e a dor e elas riem. as bestas caem e riem, algumas caem na fogueira, com as mulheres que lamentavam ser mulheres, e riem enquanto queimam e se misturam às cinzas das mulheres. chora! diante desta cena, nem as bestas nem as mulheres queimadas nem mesmo deus, que observa tudo em seus últimos e desesperados arranques de fôlego moribundos, prestaram atenção em você. a dor da indiferença. pula na fogueira! nem o fogo te queima! sofra! viva morto como um fantasma!

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