terça-feira, 27 de novembro de 2012

O que fazer quando suas crenças são destruídas? Para onde ir? A quê recorrer? Quando se molda um modo de agir, de enxergar, de viver, enfim, em cima de uma estrutura que se arruína, que fazer? Viver em ruínas, mesmo assim, que se danem as evidências? Não, isso não dá... Me pergunto, no entanto, se eu fui ingênuo demais, se eu não me seguei a realidade, se minha estrutura já estava em ruínas bem antes de eu perceber... Cavando com pá em pedra dura, cortando árvore com canivete, o trabalho é intenso, é verdade, mas não se chega a lugar nenhum.

Pelo visto a solução é a violência.

Ah, a violência, é verdade.

Ela, de quem eu fugi e só agora entendo a importância que tem... Ela, que conduz o mundo, não é verdade? Pois bem, a violência... Sou covarde...Por mais que entenda agora sua fundamentação, sua necessidade, me recuso a segui-la, a usá-la...

Me retiro em derrota, se é pela violência a vitória, afundo-me em minhas ruínas e não quero mais saber. Prefiro a solitária derrota, mas que seja pacífica, do que a derrota a custa do ferimento alheio. Que eu, que me proponho a lutar, me fira, sim, mas não aqueles a quem eu me oponho, eles nada tem a ver com minha revolta, eles nada tem a ver com minha indignação, eu não luto contra eles, eu luto por mim e luto pelo povo... Ou pelo menos era o que eu acreditava... O povo... Que é esse ser abstrato, aparentemente homogêneo e indefeso, mas que é, mais que nada, indefinível e indomável?
É mesmo?
Lá vou eu com minha romantização do povo... Se já disse que é indefinível, porque insisto em defini-lo? Talvez esteja errado novamente, talvez o povo seja aquela massa que tanto nos falam.

Massa indistinguível entre si, mas bem separada do resto, que são eles que a classificam. Ninguém nunca se diz parte da massa...

Nem povo, nem ninguém, nem nada... Não represento a outro que não seja a mim, vejo isso agora com total clareza. Não luto por outro que não seja por mim... E se não vale a pena, se não vale a pena lutar por mim... Não luto. Não luto por nada. Deixo-os com a violência, deixo-me em paz.

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