sábado, 5 de novembro de 2011



E aquele nosso jantar a luz de velas? Aquele que você iria bem vestida, um longo vestido negro de seda, véu-manto da noite, estrelas ausentes, só a escuridão mais linda. As velas seriam nossas estrelas, as velas iluminariam o nosso mundo e nada mais. Refletiriam nas alianças. Quer casar comigo? Eu te amo. Mentiras... Não saberia o que é amor, mesmo em nosso jantar. Nunca entenderei o amor. Mas é mais fácil para mim (para nós) dizer que nos amamos. Não é? Entender nossos sentimentos pode ser tão complicado (e doloroso), pode nos fazer perceber que, afinal, amor não existe. Não para mim. Não para você. Talvez o melhor mesmo é que o jantar não tenha acontecido. Foi bom enquanto durou na minha mente. Foi triste quando acabou. Mas foi um alívio também. Qualquer tristeza é melhor que saber a verdade sobre mim. E acho que você concorda.



Casamos faz quanto tempo, Marjorie? Quantos anos? E lembra como falávamos de amor e dos nossos planos? O que aconteceu, Marjorie? Porque não sonhamos mais? Será que é verdade o que dizem, que as companhias se desgastam? Que as velas dos sentimentos perdem cera e se apagam? O que nós somos agora, Marjorie? Uma dupla de velhos? Um casal de velhos? Dois velhos? Somos velhos, Marjorie. Velhos. Queremos viver o fim da nossa vida sozinhos?

Todos morrem sozinhos, querido.



Mãe, decidi. Não vou me casar.

Eu também dizia isso quando tinha a sua idade.

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