segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Foi escrito conforme fui pensando... deve estar cheio de incoerências e erros de português... eu poderia ler e consertar, mas não quero (ou Devaneios e Dúvidas)




O Mundo.

Este é só mais um daqueles devaneios da madrugada... Estava aqui experimentando um projeto musical do Serj Tankian (do System of a Down) de música folk armena e lendo uma reportagem sobre o movimento de ocupação de Wall Street (http://english.aljazeera.net/indepth/opinion/2011/10/20111030111545619.html) e, bem, sei lá... veio uma sensação de vazio e de preenchimento ao mesmo tempo. A música armena do Serj combinada ao sentimento de coletividade me fizeram ponderar por um momento... o que é o ser coletivo? O que é ser humano, mas ser armeno? Ser americano, mas ser republicano ou democrata? Não é engraçado que existam tantos adjetivos que englobam todos ou um enorme grupo e outros que só valem para cada pessoa individualmente? Entenda, não estou discutindo a funcionalidade dos adjetivos, claro que não. É óbvio que vão existir umas características gerais e outras individuais. Mas onde é a fronteira? Até onde somos seres individuais? Não fazemos nada sem outro... sem outros. Não somos nada, nem poderíamos ser, sem outras pessoas. E não falo apenas da praticidade de se viver em sociedade, falo característicamente, não seríamos nada sem aquele que se refere a nós. Seríamos o vácuo da lacuna do espaço vazio. Não teríamos importância.
Eu li uma vez, em algum lugar (se quem ler isso souber, me lembre, por favor), que se uma árvore cai na floresta, mas não tem ninguém para ver, a árvore não caiu. Achava que tinha entendido essa frase, mas creio que só agora tenho a compreensão completa. A importância do outro para nossa própria identidade é total e absoluta. Não existe eu sem nós.
"Somos parte dos 99 %", bradam os ocupantes em Wall Street, mas também em toda a Europa e também no Brasil. No mundo inteiro, eu diria. Este reconhecimento de coletividade é ao mesmo tempo incrível e conflituoso, isso ao meu ver. Se somos os 99 % (eu sou?), quem são os 1 %? A elite dominante, eles dirão, os donos do capital especulativo que causaram a crise que nos deixou deste jeito. São os motores da desigualdade e da ganância. Mas este 1% não faz parte de um todo? De um 100 %? Me pergunto se, caso não houvesse este 1 %, as pessoas estariam tão unidas e bradando em uníssonos hinos de coletividade... É necessário uma antítese, um vilão, um inimigo em comum para manter a unidade? Toda coletividade tem de ter um agente que mantenha a união por meio do desequilíbrio? Um rei, um faraó, um ditador, um setor financeiro hiperpoderoso? Um líder, em geral, quer lidere bem ou mal.
Me pergunto, nesse ponto, se o anarquismo é possível. Se, uma vez ganha a batalha contra a autoridade, as pessoas não vão se espalhar mais uma vez. É uma pergunta complicada... por mais que os entusiastas de ambos os lados queiram correr para a resposta, penso que parem, pensem, e considerem as opções por alguns minutos. A união quando se luta contra uma injustiça pode ser forte, mas, a partir do momento em que não há injustiças, vale a pena ser "1"?
O Mundo é feito de milhares de culturas diferentes... cada uma tem sua beleza. Ando pesquisando a música folk de certos países e é indescritível como são diferentes e belas em todas as suas nuances e diferenças... A Sociedade é partida em pedaços. Montar estes pedaços (que se modificaram com os anos) não é fácil, nem um pouco, fazer com que todos respeitem cada cultura é ainda mais complicado... são culturas, muitas vezes, completamente contrárias, mas ambas estão certas de acordo com suas convicções. Vou tentar achar uma imagem que um amigo postou no Facebook que retrata isto...  A União faz a força... mas também a fraqueza. A individualidade é extremamente frágil perante a potência de um ardor coletivo. Sem a capacidade de respeito mútuo, em uma sociedade unida, acabarão-se as diferenças culturais. A globalização, de certa forma, mostra isso. Com os meios (principalmente os informacionais) mais fluidos, as culturas estão, aos poucos, se deteriorando... No Japão, no Brasil, na Índia, na Alemanha, na Austrália e em todo o mundo se usa jeans. Não me espantaria ver um pinguin usando calças da coca-cola... Essa uniformização, dizem, é sintoma do capitalismo. O capitalismo é que causa esta... unipolaridade de valores, de quereres. Será? A mistura de culturas e a pressão de uma cultura mais forte (ou mais ampla) sobre outra, mais fraca, não acaba por dominar a mais fraca? Isto é comprovado historicamente. Não existia qualquer ideia de capitalismo em 1500 (Por favor, não vamos chamar o mercantilismo de capitalismo, hã? Acúmulo primitivo de capital pode ter resultado no capitalismo, mas não faz parte dele), mas a cultura portuguesa (e a espanhola) não foi imposta aos ameríndios? Não estão praticamente dizimados e falantes de português? O conflito entre culturas sempre existiu... Esparta x Atenas, cristãos x mouros, romanos x cristãos, cristãos x judeus, católicos x protestantes, enfim... isso só para citar alguns... a questão é que, quanto maior o alcance, maior será o embate entre culturas e hoje o alcance é global... e se o capitalismo é uma potencial arma cultural, ele é usado como tal. A questão aqui é se numa sociedade pós-capitalismo, continuarão a haver estes embates...


Aqui está a imagem!
"Tudo coberto, exceto os olhos. Que cultura machista cruel!"
"Nada coberto, exceto os olhos. Que cultura machista cruel!"

Achei a ironia da charge genial. Mostra, ao mesmo tempo, a nossa pretenção de achar que nossa cultura é a correta e a mesma pretenção de achar que temos o direito de julgar a cultura do outro... e saiba que o sentimento é recíproco!

Outra questão que eu gostaria de propor é o que fazer depois? Se estamos pensando numa mudança, o fim do sistema como conhecemos, o povo se uniu completamente e derrubou a elite vigente. E agora? vamos para o socialismo, o capitalismo social, o comunismo, o anarquismo, o Projeto Vênus, ou algo completamente diferente? O que não faltarão são mentes pensantes e entusiasmadas querendo dar sua opinião. Mas não se trata de uma pequena comunidade, estamos falando do mundo todo! São bilhões de pessoas precisando se organizar. Eu tenho uma visão maravilhosa do futuro pós organização... ilustrada pelo Peter Joseph no seu filme Zeitgeist (o terceiro, o Moving Forward, mostra isso mais claramente), mas como chegar até lá? E se nem todos concordarem? Faz o que? Força? Se fragmenta de novo? Surge um novo líder, com o risco de virar uma nova elite? São questões, como eu já disse, complicadas... É necessário que se crie uma sociedade que se respeite tanto a coletividade quanto a individualidade e beleza destas culturas, que são únicas e já estão se perdendo.


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