segunda-feira, 4 de abril de 2011

Solidão

Ele voltou a fumar, depois de 30 anos de abstinência, voltou a fumar. Voltara a beber também, uma semana atrás. "Que se foda", pensou, pondo o cigarro na boca, "(...)que se foda". Tentara criar uma justificativa plausível para as recaídas, mas não se preocupou em se esforçar. Voltara por que queria e que se foda. "Que se foda" - murmurou ele entre uma tragada e outra.

Tossiu, era um cigarro vagabundo - não tinha dinheiro para comprar um bom -, isto somado ao seu pulmão limpo, davam uma sensação quase insuportável. Mas, mesmo assim, parecia tão... certo, tão reconfortante, que sentia que as coisas voltavam ao seu lugar.

Sentiu que a trocaria por um cigarro ruim e um whisky barato a qualquer momento e se questionou do motivo de não ter feito isso antes.

Uma tragada de cigarro. Um gole de whisky.
Uma risada.

Sentia o cheiro da poluição da cidade e da insalubridade do esgoto. Sentia o cheiro de óleo diesel queimado e de gasolina acumulada, de vômito e de merda. "Que se foda", pensou novamente "trocaria ela por isso a qualquer hora".

Riu de novo. Como se sentia bem! LIVRE!

Um copo de whisky. Um maço de cigarros. Um copo de whisky.
Risadas.

Nunca se sentira tão bem na vida! Era como se estivesse nascendo no lugar mais perfeito do Universo.

Um tiroteio tomou conta do lugar, ele não ouviu nada, só ouvia as próprias risadas, a prova de sua felicidade.

Três maços de cigarro, duas garrafas de whisky.

Vômito?
Risos.
Tenho certeza agora, é vômito, definitivamente, é isso que é, eu vomitei.
Risadas...
Tão feliz.
Medo.
Tão feliz.
Choro.
Tão feliz.
Deito.
Chão sujo, e daí?
Tão feliz.
Choro mais.
Tão feliz.
Rio.
Choro.
Sono.
Tão feliz.
Tão feliz.

Tão... feliz...

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