sábado, 2 de novembro de 2013

quando a gente ouve um rio, sorri. quando vê estrela, vê o sol rosado no horizonte... lembra? quando estávamos à beira do abismo e você segurou minha mão? ali vi meu sol, meu rio, senti meu chão. aquele chão de terra molhada de chuva, aquele chão que cavalo pisa e a bota prende e que dá e é vida. você olhou para mim e sorriu. chão. respiramos fundo e caímos. o abismo tão raso, entre a floresta e as casas de sapê, a terra e o cimento esburacado. te vi sorrindo enquanto caíamos doces, os risos abertos e olhos fechados, o frio da barriga à espinha, as mãos dadas nos dando segurança, nos dando chão fresco.



meu avô dizia que olhar para cima, para o céu estrelado, dava tonteira, tão grande era o universo. imagino que estava certo. quando vi o clássico de kubrick, pude sentir a solidão do infinito em meu peito. e o tédio do tudo saber. o terrível e desesperador sentimento do nada que é cair no abismo invertido que é o espaço. fausto... eu comecei a ler a obra e nunca terminei... creio, pelo que sei dela sem ler, que ela deva ilustrar demais o que significa tudo saber... claro que meu avô dizia o oposto do que exemplifico com goethe... o universo é vertiginoso pelo tanto que se tem pra descobrir e aprender... vejo o oposto... o universo me é vertiginoso pois é negro, sem ar, sem som, sem informação nova... vasto...  como estar no universo pode ser absolutamente esmagador. o referencial apenas de si mesmo e das estrelas, tão maiores, mais quentes e mais luminosas... 



Ele só ficou ali, olhando. Nietzsche estava errado. era só ele. o abismo não aparecera para lhe fazer companhia.

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