sábado, 2 de novembro de 2013



perdera a voz havia trinta anos... ainda tentava berrar desde então, mas perdera a voz. fora abafada. a suja palma da mão a abafara. perdera a sensibilidade havia quinze anos. agradecera. a força a fizera perder. a mesma força que a jogara no chão. a mesma força que tirara sua voz. a mesma força que tirava a tanto... não sabia porquê era com ela... não importava. desistiu de lutar há algum tempo: era inútil. o rio que irrompia de seus olhos há séculos era infindável. tentou olhar para as estrelas por algum tempo. até que se acabasse o inferno. por anos e anos ficou parada, imobilizada, tentando prestar atenção nas estrelas, como que para estar em outro lugar. "aposto que você gostou", disse o rapaz abotoando a calça. "puta", completou ao ir embora. continuou deitada observando as estrelas, desejando estar lá, o rio de lágrimas inundando o asfalto gelado e sujo.

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