segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Como nunca me furtei ao desagrado, tenho em sangue e osso os modos do desgosto. Conheço bem bem a dor, desde moço. Vejo mel em ancolia se acabar. E se caio, pois, a lágrima que todos brotam, sei muito bem de seu salgado paladar. Salgado então, que tem mais gosto do fel que é doce de abelha. arranha bom e gostoso, a ferida exposta, quase, quase morta, mas ainda respira aliviada. pinto apertado ao encontrar privada. puxada de ar de pessoa afogada. a vontade do suicida, sem a prática. o deleite de planejar a própria morte sem (necessariamente) executá-la. morte bem matada, cujo único agente é a tristeza. então não é suicídio! somos meros instrumentos da dor... velha maldada, mal-dita, mal-gozada que chega de vez em quando meio engraçada, sedutora, chamando-se para nosso dentro, para fazer do tudo um nada, e, trazer a paixão pelo nada; tudo! Transforma com habilidade o choro em mudo, transforma com habilidade o choro em mundo. mundo meio assim, meio gostoso. de autista furioso. de espaços e lacunas e mentiras a se contar. mundo a ser preenchido com o gozo e os sonhos de quem não se furta a chorar.

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