segunda-feira, 7 de outubro de 2013

parto natural

a luz do alvorecer lhe cegava os olhos. era daqueles alvoreceres virgens de área matada - viva. para ele, era como se fosse o primeiro alvorecer que via. o primeiro dia a nascer chorando e se debatendo, se revoltando com tudo e sedento por alimento, conhecimento e amor. todos os alvoreceres que presenciara anteriormente eram natimortos, abortados pela própria identidade morta de sua terra infértil, asfaltada cinza-de-tédio, tédio-de-morto. sentia-se nascendo com o sol, vermelho-sangue-de-parto, sangue de mãe. chorava, os olhos ardiam ante o mundo tão vasto e absolutamente empolgante e temerário além do conforto uterino. nascia bem e firme, nascia vivo.

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