quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Saudades de Itapuã





   A Bahia é, por assim dizer, uma lembrança herdada. Nunca conheci as coisas maravilhosas que me foram passadas pelo meu pai. Nunca sentei à margem da Lagoa de Itapuã, à luz de velas apenas, com dezenas de outras famílias, para ouvir Dorival. Nunca vivi Salvador criança, corri e brinquei por suas ruas nem nada disso... Mas lembro de ter lacrimejado com o pesar no rosto do meu pai quando fomos ao Abaeté na nossa última visita à Salvador. Ficou um tempo parado, sem falar nada, até deixar escapar um "como tá diferente", ou algo assim... 
   Pesa. 
   É extremamente pesado o fardo que carrega quem viveu em tempos melhores, tempos mais bonitos. Pesa e rola em formato de lágrima ou estrangula em forma de agonia. A tristeza é das coisas mais profundas, mais ainda é a tristeza pelas coisas belas, aquelas perdidas e nunca reencontradas, aquelas da memória. 
   Sinto saudades da Bahia como se fosse meu pai, sinto saudades de Itapuã, do Abaeté e de Caymmi...



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