quarta-feira, 17 de outubro de 2012

divagações...

A gota que me cai na face arde... arde como o ar que me entra nos pulmões... Talvez seja o gelado da solidão desses meses... Não me suporto mais...

Se em cada segundo me passam vidas... em cada minuto, gerações... Se Deus me fez vivo pro infinito... só lhe peço, inferno cativo, que não me cumpras em eternidade...

A prisão nunca é perpétua, há sempre a morte-redenção. Pois se além da vida há a eternidade, que faço? Morro mil vezes até que se acabe... a transcendência do infinito é o fim.

E é nele que descanso.

Pois se sou só, não sou diferente de ninguém. A solidão não é em não estar com outros, mas em necessitar deles. Tão coletivamente isolados... Tão divinamente desgraçados...

Um comentário:

  1. A lucidez, força e profundidade de suas divagações são ouro, não deixe de expô-las. Não sinto ter uma resposta pra nenhuma interrogação nem algo pra escrever à altura, nem procuro tê-lo, concluí-lo, compreendê-lo, analisá-lo (com certeza enfiei diversos acentos onde não existia), mas sim senti-lo, repeti-lo num sussurro escapando entre os lábios maravilhados e perceber a grandeza que essas gotas conseguem carregar, ainda que ocultas num mar de escuridão que as deixa invisíveis ao pobre olho nu. De todo escrito concordo plenamente. Adoro a capacidade poética que tens, a capacidade observadora que tens e creio que se existe um Deus, e se esse Deus é realmente esse Deus imperdoável que nos punirá pelo simples fato de sermos, existe então essa eternidade, eternidade como o castigo final que esse Deus tanto repetiu na boca de seus homens, nesse eterno repetir-se em carnes humanas, esses fardos-chicotes infinitos, que pesam e abrem rastros de sangue em nossas costas nuas. Não acho que fiz sentido, duvido a existência de um, duvido, reduvido, e que assim seja.

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