quarta-feira, 4 de julho de 2012

Feminismo Moderno

Antes de começar, gostaria de deixar claro que este texto representa a minha opinião apenas, esta que adoraria ser contestada. Sou leigo no assunto e, como tal, deixo minha opinião de leigo. Bom... ao texto...


"O meu corpo é meu e eu faço com ele o que eu quiser"

Vejo no feminismo hoje algo que pode ser um reflexo da sociedade fora de contato consigo. Do humano que simplifica o humano. Há muito mais nesta frase que um aval para fazer sexo com quem desejar ou se vestir da forma como quiser. O que me incomoda no feminismo atual não é o grito pela livre expressão sexual, óbvio que não, não sou tão retrógrado, mas são os argumentos... ai... "Se o homem pode trepar com várias, porque eu não posso?" O problema aí não é a mulher querer ter os mesmos direitos do homem, não é a iconoclastia moral... é a completa e total banalização do ser humano e das relações interpessoais. Há muito mais em se afirmar que "meu corpo é meu" do que a simples libertação do julgo alheio. Duplicidade, cumplicidade, o corpo como algo que me pertence representa a terceira pessoa presente na primeira pessoa, a dualidade corpo x alma, sendo alma a consciência (e a inconsciência), essa dualidade que não é dicotômica, pelo contrário, se complementa, é uma simbiose perfeita. Quando somos o corpo e vivemos pelo corpo, esquecemos aquele outro "eu", aquela outra primeira pessoa a quem o corpo serve e pertence e que serve e pertence ao corpo. Viver apenas pelos apelos do corpo não é, creio, viver plenamente. A superficialidade emocional que deriva do hedonismo. Este, louvado e entoado aos coros e hinos pelo homem (ou mulher, não importa) contemporâneo(a). A busca da mulher por liberdade se confunde com a efemeridade com que as pessoas tratam a vida. Ser livre não é ser livre sexualmente apenas, independente do seu sexo ou gênero. A valorização do gênero se confunde com a desvalorização do ser humano. A mulher deixa de ser objeto a partir do momento que se trata todo ser humano como objeto? São (somos) meras ferramentas do próprio prazer? E não seria essa demonstração da sexualidade através de um estereótipo (do qual a Valesca faz parte) de beleza, o da, para ser bem curto e grosso, mulher "cavalona", uma forma de encarcerar a mulher naquela busca por um ideal estético do qual ela tenta fugir com o feminismo? Valesca incita a mulher a expressar sua sexualidade, mas de que forma? Da forma como ela desejar ou da forma como ela, Valesca, expressa? E se torna, gostando ou não, um símbolo sexual, objeto, novamente, para os homens. É aí, no entanto, que se encontra a mudança de pensamento. Não importa mais ser objeto, contanto que trate como objeto também. Essa é a igualdade que vejo no feminismo atual, não se trata da valorização da mulher, não se trata da exaltação da feminilidade, mas da redução das relações humanas a um objetivo de prazer egoísta e hedonista, um ser-usado-e-usar-o-outro consensual. É um corte por baixo, tratando estereótipos de homens como verdades e se igualando a eles. Não é o combate ao machismo, mas o pareamento do feminismo com o mesmo. Tudo, tudo, para mim, reflexo de uma sociedade irreflexiva e egocêntrica, que transforma as próprias relações interpessoais em uma forma de satisfação do ego. Ego imenso e nunca questionado. Uma sociedade alienada e alienadora, volta-se para si mesma mas sem nunca, nunca se enxergar. Perde-se o "eu", a alma, e sobra o corpo. Autômatos sem consciência, até mesmo os movimentos de contestação e de contra-cultura corroboram com essa cultura aculturada, contra o nada, nada se pode fazer. Criar seria a solução, mas estagnamos, já disse em outro texto. A morte da criação e da poesia, esse é o resultado. Um feminismo, que ora foi grande questão debatida, agora se resume a satisfação pessoal. Palavras lindas do símbolo feminista: "Porque quando a piroca tem dona é que vem a vontade de foder.". Me chamem de moralista, eu não ligo. Chamo-os de volta, moralistas de uma moral que lhes serve, mas que é podre, como tudo que se fecha em torno de si. 

5 comentários:

  1. Vc está tendo uma visão muito particularista!A marcha das vadias,por exemplo,começou pela revolta de universitárias q assistiram uma palestra em que um chefe de polícia disse q menos mulheres seriam estupradas se parassem de se vestir como vadias! Isso tb é feminismo moderno!Não devemos generalizar ou confundir feminismo e femismo!

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  2. Desculpe, mas parece-me que começar um movimento nacional por um comentário de um crápula ignorante é uma visão particularista. independente disso, eu reconheço minha generalização equivocada... talvez tenha passado a mensagem (errada) de que sou contra o feminismo. Quem me conhece sabe que isso não é verdade. Sou contra, sim, ao que o feminismo parece ter se tornado. Chamar Valesca Popozuda de diva feminista, me desculpe, não entra na minha cabeça, não consigo tirar coerência disto. Acho, e com o risco de soar preconceituoso, moralista, o que for, que a cantora se aproveitou desse thrill todo das feministas que a chamam de libertária para fazer uma puta auto propaganda. De repente, as letras ganharam força política. Se esse é a direção do movimento, no mínimo, merece minha crítica, errada ou não. E se for contestada, melhor, ficarei feliz de saber que é ainda um movimento coerente. Então eu pergunto: É essa a direção do movimento? Estou errado quanto às minhas preocupações?

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  3. Aqui fala um alheio à conversa acima, falo o que sempre repito: Abomino todos os ismos e todos os extremos. A degradação de termos que um dia foram bandeira séria inicia quando tudo se resume ao sexo, prazer e a coisificação dos demais. Aí entra outro ismo, bem citado no texto, o hedon, que, perdoe-me, mas pelo que percebo hoje parece ser o que o femin se transformou. Uma luta atrás da liberdade sexual, apenas. O termo "vadias", o próprio "ícone" valescapopozudal é de uma extrema discrepância ao meu ver (que é um olhar de velho, concordo), pra mim soa como um termo depreciativo ao extremo para o que ser mulher realmente é. É disso que reclamo, é isso que faz meus olhos entristecerem, de resto, a mesma merda.

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  4. achei! o q estou procurando é a espetacularização e a glamourarização da luta feminista, q nada tem de espetacular ou glamourosa, mas de sofrida e penosa.

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  5. por algum motivo esse texto ta entre os mais acessados... por favor, sou um divagador, um apologista do livre pensar - e livre escrever. se alguém que leia isto pensa que representa qualquer opinião - mesmo que a minha - se engana, muito apesar de eu ainda concordar com o conteúdo do texto. isto porque o ser que o escreveu já se enterrou ha muito nas ondas dunescas do tempo. não, não sou eu, apesar da concordância de opinião e nome, é um sujeito morto, como eu morro após escrever estas palavras.

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