quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O Aborto

E foi assim, rápido como as palavras que foram ditas,
Rápido e indolor como a bala que abre a ferida,
Não-dor efêmera, morfina da alma, heroína dos fracos,
Ferida, gradualmente, mostrando seu efeito retardado.

E morreu hoje quem nunca nasceu,
Foi abortado da vida ainda embrião,
Não deveria sentir nada, me disseram,
Mas eu o vi, se contorcendo esparramado no chão,
Chutando e lutando contra a dor,
Em meio ao sangue e ao que ainda era amor.

Como é estranho ainda lembrar
Do que nunca houve, nem nunca haverá.
E parece impossível chorar ou sorrir,
Só fica um vazio, vácuo sem ar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário